quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

5º Simulado 2011 - ENEM

1) (2001) O mundo é grande

O mundo é grande e cabe
Nesta janela sobre o mar.
O mar é grande e cabe
Na cama e no colchão de amar.
O amor é grande e cabe
No breve espaço de beijar.

(ANDRADE, Carlos Drumond de. Poesia e prosa)

Neste poema, o poeta realizou uma opção estilística: a reiteração de determinadas construções e expressões linguísticas, como o uso da mesma conjunção para estabelecer a relação entre as frases. Essa conjunção estabelece, entre as ideias relacionadas, um sentido de:
a)oposição d)alternância
b)comparação e)finalidade
c)conclusão

2) (2001) Os provérbios constituem um produto de sabedoria popular e, em geral, pretendem transmitir um ensinamento. A alternativa em que os dois provérbios remetem a ensinamentos semelhantes é:
a) "Quem diz o que quer ouve o que não quer" e "Quem ama o feio, bonito lhe parece.
b) "Devagar se vai longe" e "De grão em grão , a galinha enche o papo." c)"Mais vale um pássaro na mão do que dois voando" e "Não se deve atirar pérolas aos porcos."
d) "Quem casa quer casa" e "Santo de casa não faz milagre."
e) "Quem com o ferro fere, com o ferro será ferido" e "Casa de ferreiro, espeto de pau."

3)(2001)Murilo Mendes, em um de seus poemas, dialoga com a carta de Pero Vaz de Caminha:
"A terra é mui graciosa,
Tão fértil eu nunca vi.
A gente vai passear,
No chão espeta um caniço.,
No dia seguinte nasce
Bengala de castão de oiro.
Tem goiabas, melancias,
Banana que nem chuchu.
Quanto aos bichos, tem-nos muito,
De plumagens mui vistosas.
Tem macaco até demais
Diamantes tem à vontade
Esmeralda é para os trouxas.
Reforçai, Senhor, a arca,
Cruzados não faltarão,
Vossa perna encarnareis,
Salvo o devido respeito.
Ficarei muito saudoso
Se for embora daqui."
Arcaísmos e termos coloquiais misturam-se nesse poema, criando um efeito de contraste, como ocorre em:
a)A terra é mui graciosa / Tem macaco até demais
b) Salvo o devido respeito /Reforçai, Senhor, a arca
c)A gente vai passear / Ficarei muito saudoso
d)De plumagens mui vistosas / Bengala de castão de oiro
e) No chão espeta um caniço / Diamantes tem à vontade

4) (2002) Só falta o Senado aprovar o projeto de lei [sobre o uso de termos estrangeiros no Brasil] para que palavras como shopping center , delivery e drive-through sejam proibidas em nomes de estabelecimentos e marcas. Engajado nessa valorosa luta contra o inimigo ianque, que quer fazer área de livre comércio com nosso inculto e belo idioma, venho sugerir algumas outras medidas que serão de extrema importância para a preservação da soberania nacional, a saber:
• Nenhum cidadão carioca ou gaúcho poderá dizer "Tu vai" em espaços públicos do território nacional;
• Nenhum cidadão paulista poderá dizer "Eu lhe amo" e retirar ou acrescentar o plural em sentenças como "Me vê um chopps e dois pastel";
• Nenhum dono de borracharia poderá escrever cartaz com a palavra "borraxaria" e nenhum dono de banca de jornal anunciará "Vende-se cigarros";
• Nenhum livro de gramática obrigará os alunos a utilizar colocações pronominais como "casar-me-ei" ou "ver-se-ão".
(PIZA, Daniel. Uma proposta imodesta. O Estado de S. Paulo, São Paulo, 8/04/2001)

No texto acima, o autor
a) mostra-se favorável ao teor da proposta por entender que a língua portuguesa deve ser protegida contra deturpações de uso.
b) ironiza o projeto de lei ao sugerir medidas que inibam determinados usos regionais e socioculturais da língua.
c) denuncia o desconhecimento de regras elementares de concordância verbal e nominal pelo falante brasileiro.
d)revela-se preconceituoso em relação a certos registros lingüísticos ao propor medidas que os controlem.
e) defende o ensino rigoroso da gramática para que todos aprendam a empregar corretamente os pronomes.

5) (2009) Serafim da Silva Neto defendia a tese da unidade da língua portuguesa no Brasil, entrevendo que o Brasil as delimitações dialetais espaciais não eram tão marcadas como as isoglossas* da România Antiga. Mas Paul Teyssier, na sua História da Língua Portuguesa, reconhece que na diversidade socioletal essa pretensa unidade se desfaz. Diz Teyssier: “A realidade, porém, é que as divisões ‘dialetais’ no Brasil são menos geográficas que socioculturais. As diferenças na maneira de falar são maiores, num determinado lugar, entre um homem culto e o vizinho analfabeto que entre dois brasileiros do mesmo nível cultural originários de duas regiões distantes uma da outra.
*isoglossa — linha imaginária que, em um mapa, une os pontos de ocorrência de traços e fenômenos linguísticos idênticos.
(SILVA, R. V. M. O português brasileiro e o português europeu contemporâneo: alguns aspectos da diferença)

De acordo com as informações presentes no texto, os pontos de vista de Serafim da Silva Neto e de Paul Teyssier convergem em relação
a)à influência dos aspectos socioculturais nas diferenças dos fatores entre indivíduos, pois ambos consideram
que pessoas de mesmo nível sociocultural falam de forma semelhante.
b) à delimitação dialetal no Brasil assemelhar-se ao que ocorria na România Antiga, pois ambos consideram a
variação linguística no Brasil como decorrente de aspectos geográficos.
c) à variação sociocultural entre brasileiros de diferentes regiões, pois ambos consideram o fator sociocultural
de bastante peso na constituição das variedades linguísticas no Brasil.
d)à diversidade da língua portuguesa na România Antiga, que até hoje continua a existir, manifestando-se
nas variantes linguísticas do português atual no Brasil.
e)à existência de delimitações dialetais geográficas pouco marcadas no Brasil, embora cada um enfatize
aspectos diferentes da questão.

6) (2006) No romance Vidas Secas , de Graciliano Ramos, o vaqueiro Fabiano encontra-se com o patrão para receber o salário. Eis parte da cena:
“Não se conformou: devia haver engano. (...) Com certeza havia um erro no papel do branco. Não se descobriu o erro, e Fabiano perdeu os estribos. Passar a vida inteira assim no toco, entregando o que era dele de mão beijada! Estava direito aquilo? Trabalhar como negro e nunca arranjar carta de alforria? O patrão zangou-se, repeliu a insolência, achou bom que o vaqueiro fosse procurar serviço noutra fazenda. Aí Fabiano baixou a pancada e amunhecou. Bem, bem. Não era preciso barulho não.”

No fragmento transcrito, o padrão formal da linguagem convive com marcas de regionalismo e de coloquialismo
no vocabulário. Pertence à variedade do padrão formal da linguagem o seguinte trecho:
a) “Não se conformou: devia haver engano”
b) “e Fabiano perdeu os estribos”
c) “Passar a vida inteira assim no toco”
d) “entregando o que era dele de mão beijada!”
e) “Aí Fabiano baixou a pancada e amunhecou”

7) (2008)
Com Niciga, parar de fumar fica muito mais fácil.
1. Fumar aumenta o número de receptores do seu cérebro que se ativam com nicotina.
2. Se você interrompe o fornecimento de uma vez, eles enlouquecem e você sente os desagradáveis sintomas da falta do cigarro.
3. Com seus adesivos transdérmicos, Niciga libera nicotina terapêutica de forma controlada no seu organismo, facilitando o processo de parar de fumar e ajudando a sua força de vontade. Com
Niciga, você tem o dobro de chances de parar de fumar.


Para convencer o leitor, o anúncio emprega como recurso expressivo, principalmente:
a) As rimas entre Niciga e nicotina.
b) O uso de metáforas como “força de vontade”.
c) A repetição enfática de termos semelhantes como “fácil” e “facilidade”.
d) A utilização dos pronomes de segunda pessoa, que fazem um apelo direto ao leitor.
e) A informação sobre as consequências do consumo do cigarro para amedrontar o leitor.

8) (2008) São Paulo vai se recensear. O governo quer saber quantas pessoas governa. A indagação atingirá a fauna e a flora domesticadas. Bois, mulheres e algodoeiros serão reduzidos a números e invertidos em estatísticas. O homem do censo entrará pelos bangalôs, pelas pensões, pelas casas de barro e de cimento armado, pelo sobradinho e pelo apartamento, pelo cortiço e pelo hotel, perguntando:
— Quantos são aqui?
Pergunta triste, de resto. Um homem dirá:
— Aqui havia mulheres e criancinhas. Agora, felizmente, só há pulgas e ratos.
E outro:
— Amigo, tenho aqui esta mulher, este papagaio, esta sogra e algumas baratas. Tome nota dos seus nomes, se quiser. Querendo levar todos, é favor... (...)
E outro:
— Dois, cidadão, somos dois. Naturalmente o sr. não a vê. Mas ela está aqui, está, está! A sua saudade jamais sairá de meu quarto e de meu peito!

(Rubem Braga. Para gostar de ler - volume 3)

O fragmento acima, em que há referência a um fato sócio-histórico — o recenseamento —, apresenta característica marcante do gênero crônica ao:
a) expressar o tema de forma abstrata, evocando imagens e buscando apresentar a idéia de uma coisa por meio de outra.
b) manter-se fiel aos acontecimentos, retratando os personagens em um só tempo e um só espaço.
c) contar história centrada na solução de um enigma, construindo os personagens psicologicamente e revelando-os pouco a pouco.
d) evocar, de maneira satírica, a vida na cidade, visando transmitir ensinamentos práticos do cotidiano, para manter as pessoas informadas.
e) valer-se de tema do cotidiano como ponto de partida para a construção de texto que recebe tratamento estético.

9) (2009) Em Touro Indomável, que a cinemateca lança nesta semana nos Estados de São Paulo e Rio de Janeiro, a dor maior e a violência verdadeira vêm dos demônios de La Motta – que fizeram dele tanto um astro no ringue como um homem fadado à destruição. Dirigida como um senso vertiginoso do destino de seu personagem, essa obra-prima de Martin Scorcese é daqueles filmes que falam à perfeição de seu tema (o boxe) para então transcendê-lo e tratar do que importa: aquilo que faz dos seres humanos apenas isso mesmo, humanos e tremendamente imperfeitos.
(Revista Veja, 18 fev. 2009 –adaptado)
Ao escolher este gênero textual, o produtor do texto objetivou:
a) construir uma apreciação irônica do filme.
b) evidenciar argumentos contrários ao filme de Scorcese.
c) elaborar uma narrativa com descrição de tipos literários.
d) apresentar ao leitor um painel da obra e se posicionar
criticamente.
e) afirmar que o filme transcende o seu objetivo inicial e, por isso, perde sua qualidade.

10) (1998)
Amor é fogo que arde sem se ver;
é ferida que dói e não se sente;
é um contentamento descontente;
é dor que desatina sem doer;
É um não querer mais que bem querer;
é solitário andar por entre a gente;
é nunca contentar-se de contente;
é cuidar que se ganha em se perder;
É querer estar preso por vontade;
é servir a quem vence, o vencedor;
é ter com quem nos mata lealdade.
Mas como causar pode seu favor
nos corações humanos amizade,
se tão contrário a si é o mesmo Amor?
(Luís de Camões)
Tal poema pode ser considerado como um texto:
a) argumentativo d) de propaganda
b) narrativo e) teatral
c) épico

11) (1998) O poema tem, como característica, a figura de linguagem denominada antítese, relação de oposição de palavras ou idéias. Assinale a opção em que essa oposição se faz claramente presente.
a) "Amor é fogo que arde sem se ver."
b) "É um contentamento descontente."
c) "É servir a quem vence, o vencedor."
d) "Mas como causar pode seu favor."
e) "Se tão contrário a si é o mesmo Amor?"

12) (1999) Leia o que disse João Cabral de Melo Neto, poeta pernambucano, sobre a função de seus textos:
"Falo somente como o que falo: a linguagem enxuta, contato denso; Falo somente do que falo: a vida seca, áspera e clara do sertão; Falo somente por quem falo: o homem sertanejo sobrevivendo na adversidade e na míngua; Falo somente para quem falo: para os que precisam ser alertados para a situação da miséria no Nordeste."

Para João Cabral de Melo Neto, no texto literário,
a) a linguagem do texto deve refletir o tema, e a fala do autor deve denunciar o fato social para determinados leitores.
b) a linguagem do texto não deve ter relação com o tema, e o autor deve ser imparcial para que seu texto seja lido.
c) o escritor deve saber separar a linguagem do tema e a perspectiva pessoal da perspectiva do leitor.
d) a linguagem pode ser separada do tema, e o escritor deve ser o delator do fato social para todos os leitores.
e) a linguagem está além do tema, e o fato social deve ser a proposta do escritor para convencer o leitor.

13) (2010) Sob o olhar do Twitter
Vivemos a era da exposição e do compartilhamento. Público e privado começam a se confundir. A ideia de privacidade vai mudar ou desaparecer.
O trecho acima tem 140 caracteres exatos. É uma mensagem curta que tenta encapsular uma ideia complexa. Não é fácil esse tipo de síntese, mas dezenas de milhões de pessoas o praticam diariamente. No mundo todo, são disparados 2,4 trilhões de SMS por mês, e neles cabem 140 toques, ou pouco mais. Também é comum enviar e-mails, deixar recados no Orkut, falar com as pessoas pelo MSN, tagarelar no celular, receber chamados em qualquer parte, a qualquer hora. Estamos conectados. Superconectados, na verdade, de várias formas. [...]
O mais recente exemplo de demanda por total conexão e de uma nova sintaxe social é o Twitter, o novo serviço de troca de mensagens pela internet. O Twitter pode ser entendido como uma mistura de blog e celular. As mensagens são de 140 toques, como os torpedos de blogs. Em vez de seguir para apenas uma pessoa, como no celular ou no MSN, a mensagem do Twitter vai para todos os “seguidores” – gente que acompanha o emissor. Podem ser 30, 300 ou 409 mil seguidores. (MARTINS, I.; LEAL, R. Época. 16 mar.2009)
Pode-se afirmar que o texto acima:
a) adverte os leitores de que a internet pode transformar-se em um problema porque expõe a vida dos usuários.
b) ensina aos leitores os procedimentos necessários para que as pessoas conheçam esse novo meio de comunicação
c) exemplifica e explica o novo serviço global de mensagens rápidas que desafia os hábitos de comunicação e reinventa o conceito de privacidade.
d) procura esclarecer os leitores a respeito dos perigos que o uso do Twitter pode causar no trabalho e na vida pessoal.
e) apresenta uma enquete sobre as redes sociais da atualidade e mostra que o Twitter é preferido dos internautas.

14) (2007) O açúcar (Ferreira Gullar)
O branco açúcar que adoçará meu café
Nesta manhã de Ipanema
Não foi produzido por mim
Nem surgiu dentro do açucareiro por milagre.

Vejo-o puro
E afável ao paladar
Como beijo de moça, água
Na pele, flor
Que se dissolve na boca. Mas este açúcar
Não foi feito por mim.

Este açúcar veio
Da mercearia da esquina e
Tampouco o fez o Oliveira,
Dono da mercearia.
Este açúcar veio
De uma usina de açúcar em Pernambuco
Ou no Estado do Rio
E tampouco o fez o dono da usina. (...)
Em usinas escuras, homens de vida amarga
E dura
Produziram este açúcar
Branco e puro
Com que adoço meu café esta manhã
Em Ipanema.
A antítese (ideias opostas) que apresenta uma imagem da divisão social do trabalho na sociedade brasileira é expressa poeticamente na oposição entre a doçura do branco açúcar e
a) o trabalho do dono da mercearia de onde veio o açúcar.
b) o beijo de moça, a água na pele e a flor que se dissolve na boca.
c) o trabalho do dono do engenho em Pernambuco, onde se produz o açúcar.
d) a beleza dos extensos canaviais que nascem no regaço do vale.
e) o trabalho dos homens de vida amarga em usinas escuras.

15) (2009) Texto I: É praticamente impossível imaginarmos nossas vidas sem o plástico. Ele está presente em embalagens de alimentos, bebidas e remédios, além de eletrodomésticos, automóveis etc. Esse uso ocorre devido à sua atoxicidade e à inércia, isto é: quando em contato com outras substâncias, o plástico não as contamina; ao contrário, protege o produto embalado. Outras duas grandes vantagens garantem o uso dos plásticos em larga escala: são leves, quase não alteram o peso do material embalado, e são 100% recicláveis, fato que, infelizmente, não é aproveitado, visto que, em todo o mundo, a percentagem de plástico reciclado, quando comparado ao total produzido, ainda é irrelevante. (Revista Mãe Terra).
Texto II: Sacolas plásticas são leves e voam ao vento. Por isso, elas entopem esgotos e bueiros, causando enchentes. São encontradas até no estômago de tartarugas marinhas, baleias, focas e golfinhos, mortos por sufocamento. Sacolas plásticas descartáveis são gratuitas para os consumidores, mas têm um custo incalculável para o meio ambiente. (Veja, 8 jul. 2009. Fragmentos de texto publicitário do Instituto Akatu pelo Consumo Consciente)
Em contraste com o texto I, no texto II são empregadas, predominantemente, estratégias argumentativas que
a) atraem o leitor por meio de previsões para o futuro.
b) apelam à emoção do leitor, mencionando a morte de animais.
c) orientam o leitor a respeito dos modos de usar conscientemente as sacolas plásticas.
d) intimidam o leitor com as nocivas consequências do uso indiscriminado de sacolas plásticas.
e) recorrem à informação, por meio de constatações, para convencer o leitor a evitar o uso de sacolas plásticas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário