domingo, 4 de dezembro de 2011

1º Simulado 2011

Leia o texto atentamente para responder aos testes 1 a 6: A guerra suja

Na esquina em frente ao grande condomínio nas colinas de Perdizes, brotou um barzinho. Um desses do novo estilo, mais mauricinho, só noturno, com pizza, cerveja, sinuca, música e telões de futebol. Fica no 1.o andar de um sobrado. Os fumantes e seus amigos passaram a ocupar as escadas e a calçada, copos nas mãos, conversando naquele tom exclamativo próprio dos frequentadores de botecos, pontuado por palavrinhas chulas. Nos dias de jogos, escapavam pelas janelas gritos de "Timããão!", "Pooorco!", "Tricolooor!".
Sabe como é torcedor de futebol durante os jogos. Sabe como é torcedor de futebol quando seu time faz gol. Sabe como é torcedor de futebol quando qualquer adversário toma gol. Sabe como é torcedor.
O barulho passou a incomodar as pessoas do condomínio. Uma comissão foi até a outra esquina tentar uma convivência pacífica. O dono do bar, rapaz simpático, disse que sim, ia segurar a onda do pessoal, na boa. Não segurou, nem se sabe se tentou.
Os moradores foram à prefeitura checar alvará, finalidade, habite-se, dispositivo antirruídos _ nada conseguiram além do habitual "vamos estar verificando". Foram ao Psiu, que não faz psiu para ninguém. Então resolveram partir para a guerra.
Na primeira reunião para decidir as táticas da guerra houve sugestões radicais:
_ Vamos botar o lixo daqui na porta deles. São 300 apartamentos. Se a metade botar o lixo lá, são 300, 400 quilos.
_ Não pode! Não é civilizado!
_E por acaso é civilizado o que eles fazem? Vamos dar o troco! É poluição sonora pra cá, poluição ambiental pra lá.
Os radicais gostaram, os racionais nem tanto:
_ A prefeitura vai enquadrar, vai multar a gente.
Desistiram do lixão. (...) Aí nasceu a idéia da guerra suja: Quantos cachorros temos aqui no condomínio? Uns cinquenta? Por baixo. Vamos levar todos eles no colo até a calçada de lá e estimular os bichinhos a fazer as necessidades na porta deles. Número 1 e número 2. Os caras chegam no fim da tarde, vão encontrar lá as lembrancinhas. Aprovado.
Quando começou a guerra, quem mais gostou foram as crianças, até se ofereciam para "passear" com os cães mais de uma vez. O resultado foi satisfatório. Da esplanada da piscina esperaram a chegada dos inimigos, divertiram-se com a agitação e a indignação dos donos e dos empregados, deram risadas com o banho de sabão na calçada e as caras de nojo.
No dia seguinte, a adesão canina foi maior. A charmosa do 21.o, cuja cachorrinha recusou a mudança de lugar, fez questão de atravessar a rua para depositar na porta do boteco o conteúdo do saquinho ecológico e veio de lá sorrindo com a travessura. O cheirinho do lugar passou a estimular cães de outros prédios e solidários vira-latas de carroceiros.
No terceiro dia da guerra suja, os empregados do barzinho se recusaram a fazer a faxina, alegando que aquilo não fazia parte do contrato de trabalho. Naquela noite, o bar não pôde abrir. O dono pediu armistício e uma comissão para negociar a paz.
Dias depois o bar reabriu com sistema antirruído e proibição de fregueses na calçada. Os cachorrinhos voltaram alegres aos seus lugares preferidos.

(Ivan Ângelo. Veja São Paulo, 03 de fevereiro de 2010)

1 - Leia atentamente as afirmações seguintes:
I. O título "A guerra suja" sugere uma clara referência à expressão "jogo sujo", sinônimo de trapaça.
II. A estratégia empregada pelos condôminos não pode ser considerada um ato ardiloso, um dos sentidos figurados de "jogo sujo".
III. No contexto, a expressão "guerra suja" não é empregada com valor denotativo.
Está correto o que se afirma:

a) apenas em I.
b) apenas em III.
c) apenas em I e II.
d) apenas em II e III.
e) em I, II e III.


2 - Marque V (verdadeiro) ou F (falso) nas afirmações
a respeito do segundo parágrafo do texto.
( ) O narrador instaura uma conversa direta com o leitor.
( ) A repetição de "Sabe como é torcedor" reforça as ideias negativas sobre os torcedores de futebol.
( ) Fica subentendido, pelos "gritos de 'Timããão!', 'Pooorco!', 'Tricolooor!'", indicados no parágrafo anterior, que o que se sabe é que o torcedor é alguém efusivo.
( ) A frase final "Sabe como é torcedor" ressalta que, independentemente da circunstância, um torcedor apresenta sempre o mesmo comportamento.

Assinale a alternativa que apresenta a correta sequência de V ou F assinalada.

a) F -V -V - F
b) V -F - F -V
c) V - F -V -F
d) F - F - F -V
e) V -V -V - V


3 - Assinale a única alternativa em que não se verifica marca de linguagem coloquial nem imprecisão vocabular.
a) "pontuado por palavrinhas chulas"
b)"[o dono do bar] ia segurar a onda do pessoal"
c) "vamos estar verificando"
d) "Vamos dar o troco"
e) "Vamos levar todos eles no colo até a calçada de lá"

4 - Assinale a única alternativa cuja oração admita transposição para a voz passiva.
a) "Na esquina em frente ao grande condomínio nas colinas de Perdizes, brotou um barzinho."
b) "O barulho passou a incomodar as pessoas do condomínio."
c) "Na primeira reunião (...) houve sugestões radicais"
d) "Aí nasceu a ideia da guerra suja"
e) "Os moradores foram à prefeitura"

5 -Assinale a alternativa cujo termo destacado apresente a mesma classificação morfológica e função sintática de "alegres" no período "Os cachorrinhos voltaram alegres aos seus lugares preferidos."
a) O aluno fez uma leitura rápida do resumo do livro.
b) O diretor agiu certo ao falar com os pais do aluno.
c) O ônibus alugado para a excursão chegou atrasado à escola.
d) Os professores contaminados com a gripe H1N1 foram afastados.
e) Bastantes pessoas foram à Feira de Ciências do colégio.

6 - Assinale a alternativa cuja mudança proposta não possibilita alterar a concordância verbal original.
a. "houve sugestões radicais": substituição do verbo "haver" pelo verbo "existir".
b. "Uma comissão foi até a outra esquina": acréscimo da expressão "de moradores" no sujeito.
c. "Se a metade botar o lixo lá": acréscimo da expressão "dos condôminos" no sujeito.
d. "Os fumantes e seus amigos passaram a ocupar as escadas e a calçada": posposição do sujeito.
e. "No dia seguinte, a adesão canina foi maior": pluralização do termo "adesão".

7 - (ITA) Determine o caso em que o artigo tem valor qualificativo:
a) Estes são os candidatos de que lhe falei.
b) Procure-o, ele é o médico! Ninguém o supera.
c) Certeza e exatidão, estas qualidades não as tenho.
d) Os problemas que o afligem não me deixam descuidado.
e) Muito é a procura; pouca é a oferta.


8- (Uberlândia) Em qual destas frases o artigo definido está empregado erradamente?
a) A velha Roma está sendo modernizada.
b) A “Paraíba” é uma bela fragata.
c) Não reconheço agora a Lisboa de meu tempo.
d) O gato escaldado tem medo de água fria.
e) O Havre é um porto de muito movimento.

9- (CEETSP) Determine o único emprego errado do pronome pessoal:
a) Com nós todos já ocorreu isso.
b) Sobre ele e eu pesam sérias acusações.
c) Ajudemo-la que ela não se sente bem.
d) Tua a feres, mas não o fazes impunemente.
e) Põe-nos aqui, foi daqui que tiraste os livros.

10- Analisando os pronomes propostos, assinale a alternativa que completa corretamente as lacunas da frase: “Disse a ________ que sem ________ ela não sabe viver.”
a) mim – ti
b) ti – eu
c) eu – ti
d) mim – tu
e) tu – mim
Para responder aos testes 11 e 12, leia o texto a seguir: Abrindo a janela

No voo da TAM para Londres, vi "As Garotas do Calendário", filme britânico que conta a história de um grupo de senhoras, beirando os 70 anos, que decidem posar nuas para um calendário, com o objetivo de arrecadar fundos para o hospital da pequena comunidade em que vivem. A horas tantas, uma das senhoras, talvez a de mais idade, está tomando o café da manhã com o marido, ainda mais velho. Ele empurra o jornal que está lendo para ela e diz: "Você está nua nesse jornal". Silêncio de segundos, e ele retorna: "Passe-me o bacon, por favor".
A sabedoria convencional diria que se trata de um retrato acabado, em poucos segundos, do inglês típico, inoxidável fleumático* mesmo ante uma situação bastante insólita. Eu tenho, no entanto, o mau hábito de questionar a sabedoria convencional. Pergunto-me: é o inglês típico ou apenas o estereótipo do inglês típico? Afinal, a ciência ensina que nenhuma pessoa é igual à outra. Logo, não é científico pressupor que todos os ingleses sejam iguais na fleuma - ou em qualquer outra característica.
[...] Desde criancinha - e aí é literal, não apenas força de expressão - tenho incontrolável curiosidade por saber como são as pessoas, os fatos e os locais que acabam indo parar nos jornais, na TV ou na rádio - e, agora, na internet. Foi o momento em que, apesar dos meus tenros 13 anos, passei a ler o jornal inteiro, não apenas esporte e quadrinhos, como até então. Devorava obcecadamente tudo. Mas não consegui dar à carreira jornalística a direção infantilmente pretendida, a de descobrir o mundo. [...] Os 36 anos seguintes só serviram para uma coisa: descobrir que, cada vez que descobria alguma coisa sobre algum país ou assunto, descobria também que apareciam "ene" coisas/assuntos que eu precisaria descobrir mais tarde.
Consola-me saber, neste 1.o de setembro que marca o 70.o aniversário do início da Segunda Guerra Mundial (1939/45), que não estou sozinho nessa busca sem fim. O jornal The Guardian puxa para a capa a controvérsia, na Europa, sobre quem são os culpados pela guerra, se apenas a Alemanha de Hitler ou também a União Soviética de Stálin, que fez um pacto com Hitler. O presidente russo Dimitri Medvedev, apesar de pós-comunista, sai em defesa de Stálin, chegando a dizer que, "no fim das contas, [Stálin] salvou a Europa".
Se há essa polêmica em torno de um assunto encerrado há 64 anos e sobre o qual se escreveram todos os livros possíveis, imagine então como é complicado - e polêmico - escrever sobre temas contemporâneos. Não importa. Nessa viagem, vale menos obter todas as respostas (porque não as há) e mais ter a chance de fazer todas as perguntas.

(Clóvis Rossi, "Abrindo a janela", Folha de S. Paulo, 01/09/2009 -adaptado)

* fleumático: que tem frieza de ânimo; impassível

11 - Nos dois primeiros parágrafos do texto, o autor relata uma passagem do filme a que assistiu em uma viagem de avião. A referência ao filme tem por objetivo:
a)mostrar como os ingleses são impassíveis, mesmo diante de situações inusitadas.
b) exemplificar sua curiosidade em relação às pessoas e situações que se tornam notícia em jornais.
c) comprovar que desde pequeno é curioso por conhecer o mundo à sua volta.
d) expor o seu costume de questionar idéias divulgadas como verdades absolutas.
e) lembrar o quanto cada assunto novo que descobre gera mais assuntos a se verificar.

12 - Assim como no título do artigo "Abrindo a janela" , o autor do texto também se utiliza da metáfora no trecho:
a) "a história de um grupo de senhoras, beirando os 70 anos".
b) "se trata de um retrato acabado, em poucos segundos, do inglês típico".
c) "Devorava obcecadamente tudo."
d) "a direção infantilmente pretendida, a de descobrir o mundo".
e.)"Nessa viagem, vale menos obter todas as respostas".

Texto para a questão 13:

Canção do Exílio

Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá;
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.
Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida mais amores.
(Gonçalves Dias)

13 - (UNIFESP) Os versos da "Canção do exílio" são construídos nos moldes da redondilha maior, com predominância dos acentos de intensidade nas terceiras e sétimas sílabas métricas. Um verso que não segue esse padrão de tonicidade é:
a) Minha terra tem palmeiras.
b) As aves, que aqui gorjeiam.
c) Nosso céu tem mais estrelas.
d) Em cismar, sozinho, à noite.
e) Onde canta o Sabiá.

Para responder aos testes 14 e 15, leia o trecho de O cortiço, de Aluísio Azevedo.

Jerônimo bebeu um bom trago de parati, mudou de roupa e deitou-se na cama de Rita.
_ Vem pra cá... disse, um pouco rouco.
_ Espera! espera! O café está quase pronto!
E ela só foi ter com ele, levando-lhe a chávena fumegante da perfumosa bebida que tinha sido a mensageira dos seus amores (....) Depois, atirou fora a saia e, só de camisa, lançou-se contra o seu amado, num frenesi de desejo doído.
Jerônimo, ao senti-la inteira nos seus braços; ao sentir na sua pele a carne quente daquela brasileira; ao sentir inundar-se o rosto e as espáduas, num eflúvio de baunilha e cumaru, a onda negra e fria da cabeleira da mulata; ao sentir esmagarem-se no seu largo e peludo colo de cavouqueiro os dois globos túmidos e macios, e nas suas coxas as coxas dela; sua alma derreteu-se, fervendo e borbulhando como um metal ao fogo, e saiu-lhe pela boca, pelos olhos, por todos os poros do corpo, escandescente, em brasa queimando-lhe as próprias carnes e arrancando-lhe gemidos surdos, soluços irreprimíveis, que lhe sacudiam os membros, fibra por fibra, numa agonia extrema (...)

14 - (UNIFESP-adaptado) Pode-se afirmar que o enlace amoroso entre Jerônimo e Rita, próprio à visão naturalista, consiste
a) na condenação do sexo e conseqüente reafirmação dos preceitos morais rígidos.
b) na apresentação dos instintos contidos, sem exploração da plena sexualidade.
c) na apresentação do amor idealizado e revestido de certo erotismo.
d) na descrição do ser humano sob a ótica do erótico e animalesco.
e) na concepção de sexo como prática humana nobre sublime.

15 - (UNIFESP-adaptado) O enlace amoroso, seja na perspectiva de Rita, seja na de Jerônimo,
a) é sublimado, o que lhe confere caráter grotesco na obra.
b) é desejado com intensidade e lhes aguça os ânimos.
c) reproduz certo incômodo pelo tom de ritual que impõe.
d) representa-lhes o pecado e a degradação como pessoa.
e) é de sensualidade suave, pela não explicitação do ato.

Leia o texto seguinte para responder aos testes 16 e 17.

A mamadeira errada

Certo colunista algo pitoresco e esvoaçante escreveu noutro dia a seguinte frase em sua falação semanal, em que mistura religião, sexo, filosofia, sobretudo sexo, assunto com que muito se preocupa: "Acho que mesmo sua mãe deve ter lamentado tê-lo dado de mamar." Ele se enganou com a mamadeira. Deveria ter escrito ______________ .

(Josué Machado, "Dito e escrito". Revista Língua Portuguesa, ano 4, 51, janeiro de 2010)

16)I. A lacuna poderia ser completada com "ter dado ele".
II. O erro presente em "tê-lo dado" decorre tanto da regência quanto da concordância verbal.
III. O verbo "dar", no contexto, exige como complemento um objeto indireto.
Está correto o que se afirma em:
a) apenas I.
b) apenas II.
c) apenas III.
d) I e II.
e) II e III.

17 - O autor do texto avalia negativa e até pejorativamente o colunista. Isso só não ocorre em:
a) "colunista algo pitoresco".
b) "colunista algo (...) esvoaçante".
c)"em sua falação semanal".
d.)"em que mistura religião, sexo, filosofia".
e) "sobretudo sexo, assunto com que muito se preocupa".

18 – (Fuvest-95) "Palmeiras perde jogo e cabeça na Argentina" (O Estado de S.Paulo) A alternativa em que o efeito expressivo decorre do mesmo expediente sintático e semântico observado acima é:
a) Foste aí pela estrada da vida, manquejando da perna e do amor.
b) Maria Luísa disse que era nervosa e mulher.
c) (...) como quem se retira tarde do espetáculo. Tarde e aborrecido.
d) "O rato! o rato!" exclamou a moça sufocada e afastando-se.
e) Peço-lhe desculpar-me e que não mencione mais esse fato.

19 - Os parágrafos das dissertações abaixo estão fora de ordem. Organize-os numa sequência lógica e coerente: basta escrever, no início de cada parágrafo, o número correspondente à ordem correta.

Quem não lê não escreve

( ) Os estudantes sabem manipular com habilidade os microcomputadores em casa e, de forma crescente, também nas escolas, públicas e privadas. "Navegam" com fluidez na Internet, mas não são capazes de interpretar um texto de Machado de Assis; são verdadeiros ases das artes marciais dos jogos eletrônicos virtuais, mas não conseguem redigir um texto com princípio, meio e fim, estilo, forma e linguagem; "conversam" com colegas de outros continentes, por modem, mas atentam contra o idioma com seu pobre vocabulário.
( ) Nossos jovens têm acesso a todos os canais da era da informação, mas não têm informação. As escolas brasileiras não possuem bibliotecas. As raras existentes são incompletas e, o que é pior, pouco frequentadas. Em casa, a leitura de livros não é estimulada. Nada contra a informática, a multimídia e a realidade virtual. É inadmissível, porém, a ausência de formação intelectual e a alienação diante da realidade tangível.
( ) Para reverter esse quadro, não basta oferecer aos alunos os imprescindíveis livros didáticos. É preciso oferecer-lhes incentivo e meios de lerem os principais autores nacionais e estrangeiros, da literatura de ficção e não-ficção, jornais, revistas e obras científicas e humanísticas. Bill Gates, o multimilionário gênio da informática, sem qualquer constrangimento afirmou: "Meus filhos terão computadores, sim, mas antes terão livros." Sem livros, sem leitura, os nossos filhos serão incapazes de escrever — inclusive a sua própria história.
( ) É alarmante o fato de que apenas 1% dos alunos brasileiros da 3ª série do ensino médio (ou seja, os que se preparam para ingressar na universidade) tenha domínio adequado do idioma português. O resultado, expresso em pesquisa do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (Saeb), deve servir de alerta para os responsáveis pela gestão do ensino, os professores e os pais de alunos.
( ) Observa-se no país uma perigosa desvalorização da cultura básica, da erudição e do conhecimento. Já sem cultura básica, nossos jovens não são estimulados à leitura de jornais e revistas, que também se constituem em fonte imprescindível de informação e formação.

(Adaptado do texto de Wander Soares, vice-presidente da Abrelivros e diretor adjunto da CBL)

20 - Excesso de informação acaba sendo armadilha

( ) A abundância de informações produzidas nos últimos 30 anos, a facilidade de acessá-las graças à Internet e a voracidade do homem em querer saber sempre mais – potencializada pela competição profissional – estão deixando executivos, médicos, analistas financeiros e profissionais de tecnologia literalmente doentes.
( ) A reação do corpo à enxurrada de dados no mundo moderno tem boa explicação. Mais unidades de informações foram produzidas de 1970 para cá do que ao longo dos últimos 5.000 anos. O cérebro humano foi preparado para absorver um número limitado de informação por unidade de tempo. Mas o mercado de trabalho cada vez mais competitivo fez o homem desrespeitar os limites, indo além do que consegue dar conta, afirmam especialistas em psicoterapia.
( ) “Informação não é mais sinônimo de resolução de problemas. Muitas vezes, vira até a causa deles. O excesso de notícias pode ser tão ruim quanto a ignorância, dificultando a tomada de decisões e levando à paralisia”, analisa o psicólogo britânico David Lewis. Para entender o raciocínio de Lewis, basta lembrar que uma das técnicas mais usadas por advogados de acusação para atrapalhar o trabalho da defesa é justamente responder a um pedido de informação entupindo os adversários com papéis inúteis misturados à peça relevante.
( ) Para não ficar atolado no mar de informações, o principal é selecionar com critério as informações que serão absorvidas, diferenciando o dado interessante daquele que é relevante para o trabalho. Para descartar o que não é útil, é preciso ter capacidade de análise aguçada, uma das primeiras coisas que ficam comprometidas quando alguém sofre de sobrecarga. Sem a triagem inicial, a tarefa de processar a informação para transformá-la em conhecimento vira um suplício.
( ) Dificuldade de concentração, ansiedade, cansaço ao acordar e incapacidade de tomar decisões simples, como escolher um filme ou que prato comer. Quem anda sentindo parte desses sintomas talvez seja o caso de pensar duas vezes antes de comprar mais um livro ou assinar a revista recém-lançada.

(Folha Equilíbrio - adaptado)

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