quarta-feira, 23 de maio de 2012

Simulado baseado em questões da FUVEST


1) Das vãs sutilezas

Os homens recorrem por vezes a sutilezas fúteis e vãs para atrair nossa atenção. (...) Aprovo a atitude daquele personagem a quem apresentaram um homem que com tamanha habilidade atirava um grão de alpiste que o fazia passar pelo buraco de uma agulha sem jamais errar o golpe. Tendo pedido ao outro que lhe desse uma recompensa por essa habilidade excepcional, atendeu o solicitado, de maneira prazenteira e justa a meu ver, mandando entregar-lhe três medidas de alpiste a fim de que pudesse continuar a exercer tão nobre arte. É prova irrefutável da fraqueza de nosso julgamento apaixonarmo-nos pelas coisas só porque são raras e inéditas, ou ainda porque apresentam alguma dificuldade, muito embora não sejam nem boas nem úteis em si.(Montaigne, Ensaios.)


O texto revela, em seu desenvolvimento, a seguinte estrutura:                                              
a) formulação de uma tese; ilustração dessa tese por meio de uma narrativa; reiteração e expansão da tese inicial.
 b) formulação de uma tese; refutação dessa tese por meio de uma narrativa; formulação de uma nova tese, inspirada pela narrativa.                                                                                           
c) desenvolvimento de uma narrativa; formulação de tese inspirada nos fatos dessa narrativa; demonstração dessa tese.
d) segmento narrativo introdutório; desenvolvimento da narrativa; formulação de uma hipótese inspirada nos fatos narrado                                                                                                
e)segmento dissertativo introdutório; desenvolvimento de uma descrição; rejeição da tese introdutória.

2) Podemos afirmar que,  na obra D. Casmurro, Machado de Assis:
 a) defende a tese de que o meio determina o homem porque descreve a personagem Capitu desde o início como uma futura adúltera.
 b) defende a tese determinista porque o meio em que Bentinho e Capitu vivem determina a futura tragédia.
c) não defende a tese determinista, apontando antagonismo entre o meio e a tragédia final.
d) defende a tese determinista ao demonstrar a influência da educação religiosa na formação de Capitu.
e) não defende a tese determinista de modo explícito porque não fica clara a relação entre o meio e o fim trágico dos personagens.

3) Teu romantismo bebo, ó minha lua,

A teus raios divinos me abandono,

Torno-me vaporoso... e só de ver-te

Eu sinto os lábios meus se abrir de sono.

(Álvares de Azevedo, "Luar de verão", Lira dos vinte anos)
Neste excerto, o eu-lírico parece aderir com intensidade aos temas de que fala, mas revela, de imediato, desinteresse e tédio. Essa atitude do eu-lírico manifesta a:
a) ironia romântica.
b) tendência romântica ao misticismo.
c) melancolia romântica.
d)  aversão dos românticos à natureza.
e) fuga romântica para o sonho.  
              
4) A chamada Lei do Agrotóxico (n. 7.802, de 11/06/89) determina que os rótulos dos produtos não contenham afirmações ou imagens que possam induzir o usuário a erro quanto a sua natureza, composição, segurança, eficácia e uso. Também proíbe declarações sobre a inocuidade, tais como "seguro", "não venenoso", "não tóxico", mesmo que complementadas por afirmações do tipo "quando utilizado segundo as instruções". Em face das proibições da Lei, a compreensão da frase: "Cuidado, este produto pode ser tóxico".                                                                                                                                    a) precisa levar em consideração que a condição suficiente para que um produto possa ser tóxico é sua ingestão, inalação ou contato com a pele e não sua composição.              
b) exige cautela, pois a expressão "pode ser" pressupõe "pode não ser", permitindo a interpretação de que se trata de um produto "seguro", "não venenoso", "não tóxico".               c) precisa levar em consideração que a expressão "pode ser" elimina o sentido de "pode não ser", consistindo em um alerta ao usuário sobre a inocuidade dos produtos.                              d) exige admitir que a condição necessária para que um produto seja tóxico é a sua composição, induzindo o usuário a erro quanto à inocuidade e ao mau uso dos produtos.                                                                                                                                 e) precisa ser complementada com a consideração de que a segurança no manuseio dos agrotóxicos elimina sua toxicidade, bem como eventuais riscos de intoxicação.

5) Dos recursos linguísticos presentes nos quadrinhos, o que contribui de modo mais decisivo para o efeito de humor é a 

 a) pergunta que está subentendida no primeiro quadrinho.
b) primeira fala do primeiro quadrinho.
c) falta de sentido do diálogo entre candidato e cabo eleitoral.
d) utilização de "Fulano", "Beltrano" e "Sicrano" como nomes próprios.
e) ambiguidade que ocorre no uso da expressão "pelas costas".

 6)  A respeito de Pe. Antônio Vieira, pode-se afirmar:                                                                                                                                    a) Embora vivesse no Brasil, por sua formação lusitana não se ocupou de problemas locais.                                                                                                                                     b) Procurava adequar os textos bíblicos às realidades de que tratava.                                 c)Dada sua espiritualidade, demonstrava desinteresse por assuntos mundanos.                       d) Em função de seu zelo para com Deus, utilizava-o para justificar todos os acontecimentos políticos e sociais.                                                                                                                               e)Mostrou-se tímido diante dos interesses dos poderosos.

Leia o texto abaixo e responda às questões 7 e 8

"Pouco a pouco o ferro do proprietário queimava os bichos de Fabiano. E quando não tinha mais nada para vender, o sertanejo endividava-se. Ao chegar a partilha, estava encalacrado, e na hora das contas davam-lhe uma ninharia.
Ora, daquela vez, como das outras, Fabiano ajustou o gado, arrependeu-se, enfim deixou a transação meio apalavrada e foi consultar a mulher. Sinha Vitória mandou os meninos para o barreiro, sentou-se na cozinha, concentrou-se, distribuiu no chão sementes de várias espécies, realizou somas e diminuições. No dia seguinte Fabiano voltou à cidade, mas ao fechar o negócio notou que as operações de Sinha Vitória, como de costume, diferiam das do patrão. Reclamou e obteve a explicação habitual: a diferença era proveniente de juros.
Não se conformou: devia haver engano. Ele era bruto, sim senhor, via-se perfeitamente que era bruto, mas a mulher tinha miolo. Com certeza havia um erro no papel do branco. Não se descobriu o erro, e Fabiano perdeu os estribos. Passar a vida inteira assim no toco, entregando o que era dele de mão beijada! Estava direito aquilo? Trabalhar como negro e nunca arranjar carta de alforria!
O patrão zangou-se, repeliu a insolência, achou bom que o vaqueiro fosse procurar serviço noutra fazenda.
Aí Fabiano baixou a pancada e amunhecou. Bem, bem. Não era preciso barulho não. Se havia dito palavra à toa, pedia desculpa. Era bruto, não fora ensinado. Atrevimento não tinha, conhecia o seu lugar. Um cabra. Ia lá puxar questão com gente rica? Bruto, sim senhor, mas sabia respeitar os homens. Devia ser ignorância da mulher, provavelmente devia ser ignorância da mulher. Até estranhara as contas dela. Enfim, como não sabia ler (um bruto, sim senhor), acreditara na sua velha. Mas pedia desculpa e jurava não cair noutra.
O amo abrandou, e Fabiano sai de costas, o chapéu varrendo o tijolo. Na porta, virando-se, enganchou as rosetas das esporas, afastou-se tropeçando, os sapatões de couro cru batendo no chão como cascos.
Foi até a esquina, parou, tomou fôlego. Não deviam tratá-lo assim. Dirigiu-se ao quadro lentamente. Diante da bodega de seu Inácio virou o rosto e fez uma curva larga. Depois que acontecera aquela miséria, temia passar ali. Sentou-se numa calçada, tirou do bolso o dinheiro, examinou-o, procurando adivinhar quanto lhe tinham furtado. Não podia dizer em voz alta que aquilo era um furto, mas era. Tomavam-lhe o gado quase de graça e ainda inventavam juro. Que juro! O que havia era safadeza."
                                                    (Graciliano Ramos. Vidas Secas. São Paulo: Livraria Martins Editora, 1974.)

O texto, assim como todo o livro de que foi extraído, está escrito em terceira pessoa. No entanto, o recurso frequente ao discurso indireto livre, com a ambiguidade que lhe é característica, permite ao autor explorar o filete da escavação interior, na expressão de Antonio Cândido.
7) Assinale a alternativa em que a passagem é nitidamente um discurso indireto livre:
 a) Ao chegar a partilha, estava encalacrado, e na hora das contas davam-lhe uma ninharia.
 b) Pouco a pouco o ferro do proprietário queimava os bichos de Fabiano.
 c) Não se descobriu o erro, e Fabiano perdeu os estribos.
 d) Passar a vida inteira assim no todo, entregando o que era dele de mão beijada.
 e) O amo abrandou, e Fabiano saiu de costas, o chapéu varrendo o chão.

8) O texto, no seu conjunto, revela que Fabiano:                                                                                 a) ousou enfrentar o branco provando-lhe que as contas dele estavam erradas.                         b) ao perceber que era lesado, defendeu com êxito seus direitos.
c) conscientizou-se de que era vítima da safadeza, e conseguiu justiça
d) concluiu que era explorado na venda do gado e nas contas.
e) indignou-se com a situação, mas voltou às boas com o patrão.

9)  O HACKER E A LITERATURA
Para conceder liberdade provisória a três jovens detidos sob a acusação de praticar crimes pela Internet, um juiz federal do Rio Grande do Norte determinou uma condição inédita: que os rapazes leiam e resumam, a cada três meses, dois clássicos da literatura. As primeiras obras escolhidas foram “A Hora e Vez de Augusto Matraga”, conto de Guimarães Rosa, e Vidas Secas, romance de Graciliano Ramos.  (Folha de S. Paulo, Cotidiano, 23/04/2008)


Quando o juiz pronunciou a sentença, a primeira reação dele foi de revolta. Preferível a cadeia, disse para os pais e para o advogado. De nada adiantaram os argumentos deles, segundo os quais a decisão do magistrado tinha sido a melhor possível e, mais, um grande avanço na tradição judiciária.
Foi uma revelação, uma experiência pela qual nunca tinha passado antes. De repente, estava descobrindo um novo mundo, um mundo que sempre lhe fora desconhecido. Vidas Secas simplesmente o fez chorar. Leu outros livros de Graciliano e Guimarães Rosa. Leu poemas de Bandeira e João Cabral. E de repente estava decidido: queria dedicar sua vida à literatura. Foi aprovado em Letras, fez o curso, tornou-se professor – leciona na universidade.
Ah, sim, ele tem um sonho: gostaria de ser um ficcionista. Tem na cabeça o projeto de um romance. É a história de um hacker que, entrando num site, descobre uma história tão emocionante que muda sua vida. Uma história como Graciliano Ramos escreveria, se, claro, ele fosse um ex-hacker.            (Adaptado de Moacyr Scliar, Folha de S. Paulo, 28/04/2008)
Esses dois textos, uma vez interrelacionados, estabelecem um diálogo entre
a) dois discursos ficcionais que tratam do mesmo fato.
 b) dois fragmentos dissertativos que desenvolvem a mesma tese.
 c) dois discursos ficcionais que tratam de fatos semelhantes.
 d) um discurso informativo e um ficcional, que desenvolve o primeiro.
 e) um discurso ficcional e um dissertativo, que desenvolve o primeiro.

10) Assinale a alternativa em que o texto está pontuado corretamente:
 a) Matias, cônego honorário e pregador efetivo, estava compondo um sermão quando começou o idílio psíquico.
 b) Matias cônego honorário, e pregador efetivo estava compondo um sermão quando começou o idílio psíquico.
 c) Matias, cônego honorário e pregador efetivo, estava compondo um sermão, quando começou o idílio psíquico.
 d) Matias cônego honorário e pregador efetivo, estava compondo um sermão, quando começou, o idílio psíquico.
 e) Matias, cônego honorário e, pregador efetivo, estava compondo um sermão quando começou o idílio psíquico.


(Fonte: UOL educação - lá você encontra questões de outras matérias também, todas elas extraídas de vestibulares anteriores da FUVEST)

Gabarito:
1.a
2. e
3. a
4. b
5. e
6. b
7. d
8. d
9. d
10. c

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