Instrução: As questões de números 01 a 05 tomam por base uma passagem do livro "A vírgula", do filólogo
Celso Pedro Luft (1921-1995).
A
vírgula no vestibular de português
“Mas,
esta, não é suficiente.”
“Porque,
as respostas, não satisfazem.”
“E
por isso, surgem as guerras.”
“E
muitas vezes, ele não se adapta ao meio em que vive.”
“Pois,
o homem é um ser social.”
“Muitos
porém, se esquecem que...”
“A
sociedade deve pois, lutar pela justiça social.”
Que
é que você acha de quem virgula assim?
Você
vai dizer que não aprendeu nada de pontuação quem semeia assim as vírgulas. Nem poderá dizer
outra coisa. Ou não lhe ensinaram, ou ensinaram e ele não aprendeu.
O
certo é que ele se formou no curso secundário. Lepidamente, sem maiores dificuldades. Mas a vírgula é um
“objeto não identificado”, para ele.
Para
ele? Para eles. Para muitos eles, uma legião. Amanhã serão doutores, e a
vírgula continuará sendo um objeto não identificado.
Sim, porque os três ou quatro mil menos fracos ultrapassam o vestíbulo... Com vírgula ou sem
vírgula. Que a vírgula, convenhamos, até
que é um obstáculo meio frágil, um risquinho. Objeto não identificado? Não,
objeto invisível a olho nu. Pode passar
despercebido até a muito olho de lince de examinador...
—
A vírgula, ora, direis, a vírgula...
Mas
é justamente essa miúda coisa, esse risquinho, que maior informação nos dá sobre as qualidades do
ensino da língua escrita. Sobre o ensino do cerne mesmo da língua: a frase, sua estrutura, composição e decomposição.
Da
virgulação é que se pode depreender a consciência, o grau de consciência que tem, quem escreve, do
pensamento e de sua expressão, do
ir-e-vir do raciocínio, das hesitações, das interpenetrações
de ideias, das sequências e interdependências, e, linguisticamente, da frase e sua
constituição.
As
vírgulas erradas, ao contrário, retratam a confusão mental, a indisciplina do
espírito, o mau domínio das ideias e do fraseado.
Na
minha carreira de professor, fiz muitos testes de pontuação. E sempre ficou
clara a relação entre a maneira de pontuar e o grau de cociente intelectual.
Conclusão
que tirei: os exercícios de pontuação constituem um excelente treino para desenvolver a capacidade
de raciocinar e construir frases lógicas e equilibradas.
Quem
ensina ou estuda a sintaxe — que é a teoria da frase (ou o “tratado da construção”, como diziam os
gramáticos antigos) — forçosamente acaba na importância das pausas, cortes, incidências, nexos, etc., elementos que vão se
espelhar na pontuação, quando a mensagem é escrita.
Pontuar
bem é ter visão clara da estrutura do pensamento e da frase. Pontuar bem é governar as rédeas
da frase. Pontuar bem é ter ordem, no
pensar e na expressão.
1)
“Sim,
porque os três ou quatro mil menos fracos ultrapassam o vestíbulo...”
Nesta
passagem, Celso Pedro Luft sugere, com algum deboche, que:
(A)
somente três ou quatro mil pessoas empregam adequadamente a vírgula.
(B)
quem passa nos exames vestibulares são os candidatos menos fracos.
(C)
se a pontuação fosse um edifício, poucas pessoas ultrapassariam seu vestíbulo.
(D)
até mesmo grandes escritores não sabem virgular.
(E)
quem sabe usar a vírgula é bem-sucedido na vida.
2) As
frases abaixo correspondem a tentativas de corrigir o erro de virgulação apontado por Celso Pedro Luft na
série de exemplos que apresenta.
I.
“Porque as respostas não satisfazem.”
II.
“E, muitas vezes, ele não se adapta ao meio em que vive.”
III.
“Pois o homem é, um ser social.”
IV.
“A sociedade deve, pois, lutar pela justiça social.”
As
frases em que o problema de virgulação foi resolvido adequadamente estão
contidas apenas em:
(A)
I e II.
(B)
I e III.
(C)
I, II e III.
(D)
I, II e IV.
(E)
II, III e IV.
3)
As
vírgulas erradas, ao contrário, retratam a confusão mental, a indisciplina do espírito, o mau domínio das
ideias e do fraseado.
As
quatro palavras destacadas nesta frase, se substituídas, na ordem adequada, pelas palavras da relação
abaixo, produzem outra frase, de sentido
oposto:
I.
disciplina.
II.
organização.
III.
bom.
IV.
corretas.
Aponte
a alternativa que indica a ordem em que se deve fazer a substituição:
(A)
I, II, III, IV.
(B)
II, III, IV, I.
(C)
IV, II, I, III.
(D)
III, I, II, IV.
(E)
IV, I, III, II.
4)
Amanhã
serão doutores, e a vírgula continuará sendo um objeto não identificado.
Com
base nesta previsão, o autor acredita que:
(A)
com a internet, futuramente a vírgula se tornará desnecessá- ria e
desconhecida.
(B)
todos os doutores esquecem o que aprenderam sobre a vírgula.
(C)
quanto à sintaxe, não se pode dizer se a vírgula é objeto direto ou indireto.
(D)
no futuro, os doutores precisarão consultar ufos para aprender a usar a
vírgula.
(E)
mesmo depois de formadas, muitas pessoas não saberão usar a vírgula.
5)
Ou
não lhe ensinaram, ou ensinaram e ele não aprendeu. O certo é que ele se formou
no curso secundário.
As
palavras colocadas em negrito, nesta passagem,
I.
são pronomes pessoais.
II.
são pronomes pessoais do caso reto.
III.
apresentam no contexto o mesmo referente.
IV.
pertencem à terceira pessoa do singular.
As
afirmações corretas estão contidas apenas em:
(A)
I e II.
(B)
II e III.
(C)
I, II e III.
(D)
I, III e IV.
(E)
II, III e IV.
Instrução:
As questões de números 6 a 10 tomam por base os parágrafos iniciais e alguns fragmentos de um
artigo assinado por Wilson Weigl na
revista Conhecer, edição de número 20, de 2011.
Raça,
suor e tecnologia
Quem
é o maior craque do mundo na sua opinião? O argentino Messi? O português
Cristiano Ronaldo? Xavi, do Barcelona? Ou você elege a prata da casa, como
Kaká, Neymar ou Ganso? São jogadores que
esbanjam talento, forma física e técnica.
Mas o momento em que esses ídolos entram em campo representa a finalização de um processo
envolvendo milhões de dólares em
pesquisas de ponta. Porque, além da qualidade individual e do nível tático da
equipe, hoje também os uniformes e a bola
podem influir no placar final.
Não
é exagero. Grandes empresas fabricantes de material esportivo trabalham em parceria com
universidades e laboratórios em todo o mundo para desenvolver e aplicar as mais
inovadoras tecnologias em chuteiras, camisetas, calções, meias e luvas, visando melhorar o rendimento dos
jogadores. O objetivo
é
amplo: maximizar a performance dos atletas durante os 90 minutos da partida, diminuir o impacto do
esforço e encurtar o tempo de
recuperação após o jogo. “Os craques da elite do futebol mundial não são apenas
garotos-propaganda, mas pilotos de testes
no desenvolvimento dos produtos que podem demorar até dois anos antes de chegar às prateleiras das
lojas”, diz Daniel Schmidt, gerente de
futebol da Adidas no Brasil. E, como não poderia deixar de ser, os grandes campeonatos
internacionais são as principais
vitrines desses novos produtos.
Entretanto,
nenhuma chuteira ou camisa proporcionaria significativo aumento de rendimento dos
atletas não fossem as recentes
descobertas médicas sobre os processos fisiológicos e as variáveis que influenciam o desempenho
esportivo. Conceitos que hoje estão na
boca de todos os frequentadores de academia — como biótipo, zona de frequência cardíaca e
índice de massa corporal, por exemplo —
surgiram nos estudos dos profissionais de
medicina esportiva. “Essas descobertas se aceleraram a partir dos anos 80”,
conta Miguel de Arruda, diretor associado da Faculdade de Educação Física da Universidade
de Campinas (Unicamp), que presta
assessoria para times de futebol. Hoje, já
é corriqueiro o treinamento de atletas levar em conta informações sobre a
influência de marcadores bioquímicos (como atividade hormonal e concentração enzimática).
Nada disso era conhecido na época dos
gloriosos dias de Garrincha, Pelé e Ademir
da Guia.
Produtos
desenvolvidos pelas grandes marcas vão chegar primeiro às mãos (ou aos pés) dos astros do
esporte. [...]
Os
uniformes atuais, por exemplo, são capazes de baixar a temperatura corporal, facilitar a evaporação
do suor e tonificar a musculatura,
melhorando a força. Pois tanto o tecido quanto a modelagem das camisetas e dos calções
influem no melhor aproveitamento de
energia pelo jogador ou, por outro lado, no desperdício dela. [...]
Há
chuteiras que proporcionam mais potência nos chutes, maior controle da bola ou precisão nos passes.
Os modelos atuais são cada vez mais leves e confortáveis; quase sapatilhas de corrida, alguns chegam a
pesar meros 165 gramas — menos da metade
do peso que Pelé carregava na Copa de
1970, no México. Uma chuteira daquela época pesava cerca de 500 gramas.
6) Na linguagem do futebol e dos esportes, o
termo raça, que aparece no título deste artigo, significa:
(A)
diferença de origem geográfica.
(B)
o conjunto dos ascendentes e descendentes.
(C)
desprezo aos companheiros menos talentosos.
(D)
maior inteligência e afinidade.
(E)
vontade firme, grande determinação.
7) Examine
as afirmações, comparando-as com o que se informa no artigo apresentado.
I. O
futebol se tornou um grande negócio no mundo de hoje.
II.
As conquistas da moderna medicina esportiva são fator de melhoria do desempenho físico dos jogadores.
III.
A tecnologia dos equipamentos do esporte pode tornar qualquer pessoa um gênio
do futebol.
IV.
Os craques da elite do futebol mundial são também garotos-propaganda de
produtos de grandes marcas.
As
afirmações que correspondem as que se expõe no artigo são, apenas:
(A)
I e II.
(B)
I e III.
(C)
I, II e III.
(D)
I, II e IV.
(E)
II, III e IV.
8) A
leitura atenta do artigo revela que seu autor atribui maior importância, entre
os fatores que podem causar a melhoria do desempenho dos atletas:
(A)
à publicidade, que leva os jogadores a ganhar milhões de dólares e demonstrar que merecem receber tanto
dinheiro.
(B)
às conquistas da medicina esportiva, que possibilitam significativo acréscimo
ao desempenho físico dos atletas.
(C)
à contratação dos jogadores como pilotos de testes para o aperfeiçoamento dos novos equipamentos.
(D)
aos novos equipamentos, como chuteiras, calções, meias e luvas, feitos de materiais que duplicam a capacidade
dos atletas.
(E)
ao patriotismo dos atletas, que se superam ao representar seus países no estrangeiro.
9) Embora
o artigo tenha por finalidade enfatizar a utilidade dos produtos da tecnologia e das conquistas da
medicina para a prática do futebol, a menção em destaque a grandes jogadores
como Pelé, Garrincha, Ademir da Guia,
Messi, Cristiano Ronaldo, Xavi, Kaká,
Neymar e Ganso deixa implícito que:
(A)
no futebol não é importante ser um grande jogador, mas ter o melhor equipamento.
(B)
sem tecnologia e atenção médica, esses jogadores não seriam tão grandes como a
imprensa propaga.
(C)
a imprensa é que cria ídolos, pois todos os jogadores jogam praticamente do mesmo modo.
(D)
os grandes jogadores perdem a confiabilidade, na medida em que “se vendem” para empresas como
testadores de produtos e garotos-propaganda.
(E)
com ou sem tecnologia ou progressos científicos, são os grandes talentos a principal referência do
futebol e dos esportes em geral.
10) Estar
em forma física e forma técnica, no artigo e no jargão esportivo, designam,
respectivamente, o fato de um atleta
(A)
ter condições de apresentar o necessário rendimento físico e de servir-se de todas as suas habilidades
durante uma partida.
(B)
demonstrar excelente rendimento tático e ótimo desempenho na marcação do
adversário.
(C)
revelar alto índice de massa corporal e ser dotado de biótipo adequado à prática do esporte.
(D)
apresentar atividade hormonal elevada e baixa concentração enzimática.
(E)
ser dotado de talento individual e capacidade de percepção dos esquemas do adversário.
Instrução:
As questões de números 11 a 15 tomam por
base uma reportagem de Antônio Gois
publicada em 03.02.2012 pelo jornal
Folha de S.Paulo.
Laptop
de aluno de escola pública tem problemas
Estudo
feito pela UFRJ para o governo federal mostra que o programa UCA (Um Computador por Aluno),
implementado em 2010 em seis municípios,
esbarrou em problemas de coordenação, capacitação de professores e adequação de
infraestrutura.
O
programa piloto do MEC forneceu 150 mil laptops de baixo custo a professores e
alunos de cerca de 300 escolas públicas. Às cidades foram prometidas infraestrutura
para acesso à internet e capacitação de gestores e professores.
Uma
das conclusões do estudo foi que a infraestrutura de rede foi inadequada. Em cinco cidades, os
avaliadores identificaram que os sinais de internet eram fracos e instáveis
tanto nas escolas quanto nas casas e
locais públicos.
A
pesquisa mostra que os professores se mostravam entusiasmados no início, mas,
um ano depois, 70% relataram não ter contado com apoio para resolver problemas
técnicos e 42% disseram usar raramente
ou nunca os laptops em tarefas pedagógicas.
Em
algumas cidades, os equipamentos que davam defeito ficaram guardados por falta de técnicos que
soubessem consertá-los.
Além
disso, um quinto dos docentes ainda não havia recebido capacitação, e as
escolas não tinham incorporado o programa em seus projetos pedagógicos.
Um
dos pontos positivos foi que os alunos passaram a ter mais domínio de informática. O programa foi
mais eficiente quando as escolas que
permitiram levar o laptop para casa.
Foram
avaliadas Barra dos Coqueiros (SE), Santa Cecília do Pavão (PR), São João da Ponta (PA), Terenos
(MS) e Tiradentes (MG). Os autores do estudo não deram entrevista.
11) [...] o
programa UCA (Um Computador por Aluno), implementado em 2010 em seis
municípios, esbarrou em problemas de coordenação, capacitação de professores e
adequação de infraestrutura.
Observe
as seguintes tentativas de substituir esbarrou em nesta passagem.
I.
foi de encontro a.
II.
defrontou-se com.
III.
resolveu.
IV.
eliminou.
As
substituições que não alteram substancialmente o sentido da frase estão contidas em:
(A)
I e II.
(B)
I e III.
(C)
II e III.
(D)
I, II e IV.
(E)
II, III e IV.
12) Os
autores do estudo não deram entrevista. Considerando que é praxe no jornalismo
entrevistar o autor ou os autores de
livros ou artigos comentados, o jornalista, ao fechar a notícia com a frase mencionada, busca deixar
claro que
(A)
os autores foram muito antipáticos ao não conceder entrevista.
(B)
a análise feita não tem credibilidade, já que os autores não falam a respeito.
(C)
a notícia apresentada resulta exclusivamente da leitura do estudo pelo jornalista.
(D)
não havia necessidade de os autores se manifestarem a respeito de seu trabalho.
(E)
os autores da pesquisa não foram realmente convidados a dar entrevista.
13) Uma das conclusões do estudo foi que a
infraestrutura de rede foi inadequada.
Examine
as quatro possibilidades de reescrever a frase destacada para evitar a repetição desnecessária da forma
verbal foi.
I.
Uma das conclusões do estudo aponta que a infraestrutura de rede foi inadequada.
II.
Uma das conclusões do estudo foi a inadequação da estrutura de rede.
III.
A estrutura de rede foi inadequada, conforme uma das conclusões do estudo.
IV.
Uma das conclusões do estudo foi que a infraestrutura de rede foi considerada inadequada.
As
frases que evitam a repetição da forma verbal foi estão contidas apenas em
(A)
I e II.
(B)
I e III.
(C)
II e III.
(D)
I, II e III.
(E)
II, III e IV.
14) O programa foi mais eficiente quando as
escolas que permitiram levar o laptop
para casa.
Assinale
a alternativa que indica a falha de revisão verificada na passagem destacada.
(A)
O jornalista deveria ter usado o termo mais adequado: notebook.
(B)
Seria muito mais claro empregar
computador em vez de laptop.
(C)
A palavra que deveria ter sido eliminada, porque não tem função na frase.
(D)
Deveria haver ponto após escolas.
(E)
Deveria ter sido colocada uma vírgula depois da palavra permitiram.
15) Uma
leitura atenta do texto apresentado revela que a principal falha do programa UCA foi
(A)
dos alunos, que não se mostraram aplicados em aprender.
(B)
dos professores, que perderam logo o interesse.
(C)
das escolas, que não exigiram mais de professores e alunos.
(D)
dos prefeitos das cidades, que não providenciaram melhores condições para as escolas.
(E)
do próprio programa, que não previu infraestrutura técnica adequada e treinamento de gestores e
professores.
Gabarito:
1.b
2.d
3.c
4.e
5.d
6.e
7.d
8.b
9.e
10.a
11.a
12.c
13.d
14.c
15.e
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