sexta-feira, 22 de junho de 2012

Semana 9: Questões de Português no vestibular de inverno da UNESP - 2012


Instrução: As questões de números 01 a 05 tomam por base  uma passagem do livro "A vírgula", do filólogo Celso Pedro Luft  (1921-1995).

A vírgula no vestibular de português

       “Mas, esta, não é suficiente.”
       “Porque, as respostas, não satisfazem.”
       “E por isso, surgem as guerras.”
       “E muitas vezes, ele não se adapta ao meio em que vive.”
      “Pois, o homem é um ser social.”
      “Muitos porém, se esquecem que...”
      “A sociedade deve pois, lutar pela justiça social.”
Que é que você acha de quem virgula assim?
Você vai dizer que não aprendeu nada de pontuação quem  semeia assim as vírgulas. Nem poderá dizer outra coisa. Ou não lhe ensinaram, ou ensinaram e ele não aprendeu.
O certo é que ele se formou no curso secundário. Lepidamente,  sem maiores dificuldades. Mas a vírgula é um “objeto não identificado”, para ele.
Para ele? Para eles. Para muitos eles, uma legião. Amanhã serão doutores, e a vírgula continuará sendo um objeto não  identificado. Sim, porque os três ou quatro mil menos fracos  ultrapassam o vestíbulo... Com vírgula ou sem vírgula. Que a  vírgula, convenhamos, até que é um obstáculo meio frágil, um  risquinho. Objeto não identificado? Não, objeto invisível a olho  nu. Pode passar despercebido até a muito olho de lince de examinador...
— A vírgula, ora, direis, a vírgula...
Mas é justamente essa miúda coisa, esse risquinho, que  maior informação nos dá sobre as qualidades do ensino da língua escrita. Sobre o ensino do cerne mesmo da língua: a frase,  sua estrutura, composição e decomposição.
Da virgulação é que se pode depreender a consciência, o  grau de consciência que tem, quem escreve, do pensamento e  de sua expressão, do ir-e-vir do raciocínio, das hesitações, das interpenetrações de ideias, das sequências e interdependências,  e, linguisticamente, da frase e sua constituição.
As vírgulas erradas, ao contrário, retratam a confusão mental, a indisciplina do espírito, o mau domínio das ideias e do  fraseado.
Na minha carreira de professor, fiz muitos testes de pontuação. E sempre ficou clara a relação entre a maneira de pontuar  e o grau de cociente intelectual.
Conclusão que tirei: os exercícios de pontuação constituem  um excelente treino para desenvolver a capacidade de raciocinar e construir frases lógicas e equilibradas.
Quem ensina ou estuda a sintaxe — que é a teoria da frase  (ou o “tratado da construção”, como diziam os gramáticos antigos) — forçosamente acaba na importância das pausas, cortes,  incidências, nexos, etc., elementos que vão se espelhar na pontuação, quando a mensagem é escrita.
Pontuar bem é ter visão clara da estrutura do pensamento  e da frase. Pontuar bem é governar as rédeas da frase. Pontuar  bem é ter ordem, no pensar e na expressão.

1)    “Sim, porque os três ou quatro mil menos fracos ultrapassam o  vestíbulo...”
Nesta passagem, Celso Pedro Luft sugere, com algum deboche,  que:
(A) somente três ou quatro mil pessoas empregam adequadamente a vírgula.
(B) quem passa nos exames vestibulares são os candidatos menos fracos.
(C) se a pontuação fosse um edifício, poucas pessoas ultrapassariam seu vestíbulo.
(D) até mesmo grandes escritores não sabem virgular.
(E) quem sabe usar a vírgula é bem-sucedido na vida.

2)    As frases abaixo correspondem a tentativas de corrigir o erro de  virgulação apontado por Celso Pedro Luft na série de exemplos  que apresenta.
I. “Porque as respostas não satisfazem.”
II. “E, muitas vezes, ele não se adapta ao meio em que vive.”
III. “Pois o homem é, um ser social.”
IV. “A sociedade deve, pois, lutar pela justiça social.”
As frases em que o problema de virgulação foi resolvido adequadamente estão contidas apenas em:
(A) I e II.
(B) I e III.
(C) I, II e III.
(D) I, II e IV.
(E) II, III e IV.

3)    As vírgulas erradas, ao contrário, retratam a confusão mental,  a indisciplina do espírito, o mau domínio das ideias e do fraseado.
As quatro palavras destacadas nesta frase, se substituídas,  na ordem adequada, pelas palavras da relação abaixo, produzem  outra frase, de sentido oposto:
I. disciplina.
II. organização.
III. bom.
IV. corretas.
Aponte a alternativa que indica a ordem em que se deve fazer a  substituição:
(A) I, II, III, IV.
(B) II, III, IV, I.
(C) IV, II, I, III.
(D) III, I, II, IV.
(E) IV, I, III, II.

4)    Amanhã serão doutores, e a vírgula continuará sendo um objeto  não identificado.
Com base nesta previsão, o autor acredita que:
(A) com a internet, futuramente a vírgula se tornará desnecessá- ria e desconhecida.
(B) todos os doutores esquecem o que aprenderam sobre a  vírgula.
(C) quanto à sintaxe, não se pode dizer se a vírgula é objeto  direto ou indireto.
(D) no futuro, os doutores precisarão consultar ufos para aprender a usar a vírgula.
(E) mesmo depois de formadas, muitas pessoas não saberão  usar a vírgula.

5)    Ou não lhe ensinaram, ou ensinaram e ele não aprendeu. O certo é que ele se formou no curso secundário.
As palavras colocadas em negrito, nesta passagem,
I. são pronomes pessoais.
II. são pronomes pessoais do caso reto.
III. apresentam no contexto o mesmo referente.
IV. pertencem à terceira pessoa do singular.
As afirmações corretas estão contidas apenas em:
(A) I e II.
(B) II e III.
(C) I, II e III.
(D) I, III e IV.
(E) II, III e IV.

Instrução: As questões de números 6 a 10 tomam por base os  parágrafos iniciais e alguns fragmentos de um artigo assinado  por Wilson Weigl na revista Conhecer, edição de número 20, de  2011.

Raça, suor e tecnologia

Quem é o maior craque do mundo na sua opinião? O argentino Messi? O português Cristiano Ronaldo? Xavi, do Barcelona? Ou você elege a prata da casa, como Kaká, Neymar  ou Ganso? São jogadores que esbanjam talento, forma física e  técnica. Mas o momento em que esses ídolos entram em campo  representa a finalização de um processo envolvendo milhões de  dólares em pesquisas de ponta. Porque, além da qualidade individual e do nível tático da equipe, hoje também os uniformes e a  bola podem influir no placar final.
Não é exagero. Grandes empresas fabricantes de material  esportivo trabalham em parceria com universidades e laboratórios em todo o mundo para desenvolver e aplicar as mais inovadoras tecnologias em chuteiras, camisetas, calções, meias e  luvas, visando melhorar o rendimento dos jogadores. O objetivo
é amplo: maximizar a performance dos atletas durante os 90  minutos da partida, diminuir o impacto do esforço e encurtar o  tempo de recuperação após o jogo. “Os craques da elite do futebol mundial não são apenas garotos-propaganda, mas pilotos de  testes no desenvolvimento dos produtos que podem demorar até  dois anos antes de chegar às prateleiras das lojas”, diz Daniel  Schmidt, gerente de futebol da Adidas no Brasil. E, como não  poderia deixar de ser, os grandes campeonatos internacionais  são as principais vitrines desses novos produtos.
Entretanto, nenhuma chuteira ou camisa proporcionaria  significativo aumento de rendimento dos atletas não fossem as  recentes descobertas médicas sobre os processos fisiológicos e  as variáveis que influenciam o desempenho esportivo. Conceitos  que hoje estão na boca de todos os frequentadores de academia  — como biótipo, zona de frequência cardíaca e índice de massa  corporal, por exemplo — surgiram nos estudos dos profissionais  de medicina esportiva. “Essas descobertas se aceleraram a partir dos anos 80”, conta Miguel de Arruda, diretor associado da  Faculdade de Educação Física da Universidade de Campinas  (Unicamp), que presta assessoria para times de futebol. Hoje,  já é corriqueiro o treinamento de atletas levar em conta informações sobre a influência de marcadores bioquímicos (como  atividade hormonal e concentração enzimática). Nada disso  era conhecido na época dos gloriosos dias de Garrincha, Pelé e  Ademir da Guia.
Produtos desenvolvidos pelas grandes marcas vão chegar  primeiro às mãos (ou aos pés) dos astros do esporte. [...]
Os uniformes atuais, por exemplo, são capazes de baixar a  temperatura corporal, facilitar a evaporação do suor e tonificar  a musculatura, melhorando a força. Pois tanto o tecido quanto  a modelagem das camisetas e dos calções influem no melhor  aproveitamento de energia pelo jogador ou, por outro lado, no  desperdício dela. [...]
Há chuteiras que proporcionam mais potência nos chutes,  maior controle da bola ou precisão nos passes. Os modelos atuais são cada vez mais leves e confortáveis;  quase sapatilhas de corrida, alguns chegam a pesar meros 165  gramas — menos da metade do peso que Pelé carregava na  Copa de 1970, no México. Uma chuteira daquela época pesava  cerca de 500 gramas.

   6) Na linguagem do futebol e dos esportes, o termo raça, que aparece no título deste artigo, significa:
(A) diferença de origem geográfica.
(B) o conjunto dos ascendentes e descendentes.
(C) desprezo aos companheiros menos talentosos.
(D) maior inteligência e afinidade.
(E) vontade firme, grande determinação.

7)    Examine as afirmações, comparando-as com o que se informa no  artigo apresentado.
I. O futebol se tornou um grande negócio no mundo de hoje.
II. As conquistas da moderna medicina esportiva são fator de  melhoria do desempenho físico dos jogadores.
III. A tecnologia dos equipamentos do esporte pode tornar qualquer pessoa um gênio do futebol.
IV. Os craques da elite do futebol mundial são também garotos-propaganda de produtos de grandes marcas.
As afirmações que correspondem as que se expõe no artigo são,  apenas:
(A) I e II.
(B) I e III.
(C) I, II e III.
(D) I, II e IV.
(E) II, III e IV.

8) A leitura atenta do artigo revela que seu autor atribui maior importância, entre os fatores que podem causar a melhoria do desempenho dos atletas:
(A) à publicidade, que leva os jogadores a ganhar milhões de  dólares e demonstrar que merecem receber tanto dinheiro.
(B) às conquistas da medicina esportiva, que possibilitam significativo acréscimo ao desempenho físico dos atletas.
(C) à contratação dos jogadores como pilotos de testes para o  aperfeiçoamento dos novos equipamentos.
(D) aos novos equipamentos, como chuteiras, calções, meias e  luvas, feitos de materiais que duplicam a capacidade dos  atletas.
(E) ao patriotismo dos atletas, que se superam ao representar  seus países no estrangeiro.

9) Embora o artigo tenha por finalidade enfatizar a utilidade dos  produtos da tecnologia e das conquistas da medicina para a prática do futebol, a menção em destaque a grandes jogadores como  Pelé, Garrincha, Ademir da Guia, Messi, Cristiano Ronaldo,  Xavi, Kaká, Neymar e Ganso deixa implícito que:
(A) no futebol não é importante ser um grande jogador, mas ter  o melhor equipamento.
(B) sem tecnologia e atenção médica, esses jogadores não seriam tão grandes como a imprensa propaga.
(C) a imprensa é que cria ídolos, pois todos os jogadores jogam  praticamente do mesmo modo.
(D) os grandes jogadores perdem a confiabilidade, na medida  em que “se vendem” para empresas como testadores de produtos e garotos-propaganda.
(E) com ou sem tecnologia ou progressos científicos, são os  grandes talentos a principal referência do futebol e dos esportes em geral.

10) Estar em forma física e forma técnica, no artigo e no jargão esportivo, designam, respectivamente, o fato de um atleta
(A) ter condições de apresentar o necessário rendimento físico e  de servir-se de todas as suas habilidades durante uma partida.
(B) demonstrar excelente rendimento tático e ótimo desempenho na marcação do adversário.
(C) revelar alto índice de massa corporal e ser dotado de biótipo  adequado à prática do esporte.
(D) apresentar atividade hormonal elevada e baixa concentração  enzimática.
(E) ser dotado de talento individual e capacidade de percepção  dos esquemas do adversário.

Instrução: As questões de números  11 a 15 tomam por base  uma reportagem de Antônio Gois publicada em 03.02.2012 pelo  jornal Folha de S.Paulo.

Laptop de aluno de escola pública tem problemas

Estudo feito pela UFRJ para o governo federal mostra que o  programa UCA (Um Computador por Aluno), implementado em  2010 em seis municípios, esbarrou em problemas de coordenação, capacitação de professores e adequação de infraestrutura.
O programa piloto do MEC forneceu 150 mil laptops de baixo custo a professores e alunos de cerca de 300 escolas públicas.  Às cidades foram prometidas infraestrutura para acesso à internet e capacitação de gestores e professores.
Uma das conclusões do estudo foi que a infraestrutura de  rede foi inadequada. Em cinco cidades, os avaliadores identificaram que os sinais de internet eram fracos e instáveis tanto nas  escolas quanto nas casas e locais públicos.
A pesquisa mostra que os professores se mostravam entusiasmados no início, mas, um ano depois, 70% relataram não ter contado com apoio para resolver problemas técnicos e 42%  disseram usar raramente ou nunca os laptops em tarefas pedagógicas.
Em algumas cidades, os equipamentos que davam defeito  ficaram guardados por falta de técnicos que soubessem consertá-los.
Além disso, um quinto dos docentes ainda não havia recebido capacitação, e as escolas não tinham incorporado o programa em seus projetos pedagógicos.
Um dos pontos positivos foi que os alunos passaram a ter  mais domínio de informática. O programa foi mais eficiente  quando as escolas que permitiram levar o laptop para casa.
Foram avaliadas Barra dos Coqueiros (SE), Santa Cecília  do Pavão (PR), São João da Ponta (PA), Terenos (MS) e Tiradentes (MG). Os autores do estudo não deram entrevista.

11)  [...] o programa UCA (Um Computador por Aluno), implementado em 2010 em seis municípios,  esbarrou em problemas de  coordenação, capacitação de professores e adequação de infraestrutura.
Observe as seguintes tentativas de substituir esbarrou em nesta  passagem.
I. foi de encontro a.
II. defrontou-se com.
III. resolveu.
IV. eliminou.
As substituições que não alteram substancialmente o sentido da  frase estão contidas em:
(A) I e II.
(B) I e III.
(C) II e III.
(D) I, II e IV.
(E) II, III e IV.

12) Os autores do estudo não deram entrevista. Considerando que é praxe no jornalismo entrevistar o autor ou os  autores de livros ou artigos comentados, o jornalista, ao fechar a  notícia com a frase mencionada, busca deixar claro que
(A) os autores foram muito antipáticos ao não conceder entrevista.
(B) a análise feita não tem credibilidade, já que os autores não  falam a respeito.
(C) a notícia apresentada resulta exclusivamente da leitura do  estudo pelo jornalista.
(D) não havia necessidade de os autores se manifestarem a respeito de seu trabalho.
(E) os autores da pesquisa não foram realmente convidados a  dar entrevista.

13) Uma das conclusões do estudo foi que a infraestrutura de rede  foi inadequada.
Examine as quatro possibilidades de reescrever a frase destacada  para evitar a repetição desnecessária da forma verbal foi.
I. Uma das conclusões do estudo aponta que a infraestrutura  de rede foi inadequada.
II. Uma das conclusões do estudo foi a inadequação da estrutura de rede.
III. A estrutura de rede foi inadequada, conforme uma das conclusões do estudo.
IV. Uma das conclusões do estudo foi que a infraestrutura de  rede foi considerada inadequada.
As frases que evitam a repetição da forma verbal foi estão contidas apenas em
(A) I e II.
(B) I e III.
(C) II e III.
(D) I, II e III.
(E) II, III e IV.

14) O programa foi mais eficiente quando as escolas que permitiram  levar o laptop para casa.
Assinale a alternativa que indica a falha de revisão verificada na  passagem destacada.
(A) O jornalista deveria ter usado o termo mais adequado:  notebook.
(B) Seria muito mais claro empregar  computador  em vez de  laptop.
(C) A palavra que deveria ter sido eliminada, porque não tem  função na frase.
(D) Deveria haver ponto após escolas.
(E) Deveria ter sido colocada uma vírgula depois da palavra  permitiram.

15) Uma leitura atenta do texto apresentado revela que a principal  falha do programa UCA foi
(A) dos alunos, que não se mostraram aplicados em aprender.
(B) dos professores, que perderam logo o interesse.
(C) das escolas, que não exigiram mais de professores e alunos.
(D) dos prefeitos das cidades, que não providenciaram melhores  condições para as escolas.
(E) do próprio programa, que não previu infraestrutura técnica  adequada e treinamento de gestores e professores.

Gabarito:
1.b
2.d
3.c
4.e
5.d
6.e
7.d
8.b
9.e
10.a
11.a
12.c
13.d
14.c
15.e

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