1) (Uff 2011) Modinha
do exílio
Os moinhos têm palmeiras
Onde canta o sabiá.
Não são artes feiticeiras!
Por toda parte onde eu vá,
Mar e terras estrangeiras,
Posso ver mesmo as palmeiras
Em que ele cantando está.
Meu sabiá das palmeiras
Canta aqui melhor que lá.
Mas, em terras estrangeiras,
E por tristezas de cá,
Só à noite e às sextas-feiras.
Nada mais simples não há!
Canta modas brasileiras.
Canta – e que pena me dá!
(Ribeiro
Couto)
Os versos dos poetas
modernistas e românticos apresentam relação de intertextualidade com o poema de
Ribeiro Couto, EXCETO em uma alternativa. Assinale-a.
a) “Vou-me embora pra
Pasárgada / Lá sou amigo do rei / Lá tenho a mulher que eu quero / Na cama que
escolherei” (Manuel Bandeira)
b) “Dá-me os sítios gentis
onde eu brincava / Lá na quadra infantil; / Dá que eu veja uma vez o céu da
pátria, / O céu do meu Brasil!” (Casimiro de Abreu)
c) “Minha terra tem macieiras
da Califórnia / onde cantam gaturamos de Veneza. / Os poetas da minha terra /
são pretos que vivem em torres de ametista,” (Murilo Mendes)
d) “Ouro terra amor e rosas /
Eu quero tudo de lá / Não permita Deus que eu morra / Sem que volte para lá”
(Oswald de Andrade)
e) “Em cismar, sozinho, à
noite, / Mais prazer eu encontro lá; / Minha terra tem palmeiras, / Onde canta
o Sabiá.” (Gonçalves Dias)
2) (Fuvest 2010) Mais do
que a mais garrida a minha pátria tem
Uma quentura, um querer bem, um bem
Um “libertas quae sera tamen”*
Que um dia traduzi num exame escrito:
“Liberta que serás também”
E repito!
(Vinícius
de Moraes, “Pátria minha”, Antologia poética.)
*A frase em latim traduz-se, comumente, por
“liberdade ainda que tardia”.
Considere as seguintes afirmações:
I. O diálogo com outros textos
(intertextualidade) é procedimento central na composição da estrofe.
II. O espírito de contradição
manifesto nos versos indica que o amor da pátria que eles expressam não é
oficial nem conformista.
III. O apego do eu lírico à tradição da
poesia clássica patenteia-se na escolha de um verso latino como núcleo da
estrofe.
Está correto o que se afirma em
a) I, apenas.
b) II, apenas.
c) I e II, apenas.
d) II e III, apenas.
e) I, II e III.
3)TEXTO PARA A
PRÓXIMA QUESTÃO:
Você sabia
que com pouco esforço é possível ajudar o planeta e o seu bolso?
Ao usarmos a energia
elétrica para aparelhos eletrônicos e lâmpadas também emitimos gás
carbônico, um dos principais gases do efeito estufa. Atitudes
simples como trocar lâmpadas incandescentes pelas fluorescentes e
puxar da tomada os aparelhos que não estão em uso reduzirão a sua conta de luz
e as nossas emissões de CO2 na atmosfera.
(Planeta sustentável:
conhecimento por um mundo melhor)
a) Intertextualidade, já que
se pode notar apropriação explícita e marcada, por meio de citações, de trechos
de outros textos.
b) Conotação, uma vez que o
texto emprega em toda a sua extensão uma linguagem que adota tom pessoal e
subjetivo.
c) Ironia, observada no
emprego de expressões que conduzem o leitor a outra possibilidade de
interpretação, sempre crítica.
d) Denotação, pois há a
utilização objetiva de palavras e expressões que destacam a presença da função
referencial.
e) Metalinguagem, uma vez que
a linguagem adotada serve exclusivamente para tratar da própria linguagem.
4) Ideologia
Meu partido
É um coração partido
E as ilusões estão todas perdidas
Os meus sonhos foram todos vendidos
Tão barato que eu nem acredito
Eu nem acredito
Que aquele garoto que ia mudar o mundo
(Mudar o mundo)
Frequenta agora as festas do “Grand Monde”
Meus heróis morreram de overdose
Meus inimigos estão no poder
Ideologia
Eu quero uma pra viver
Ideologia
Eu quero uma pra viver
O meu prazer
Agora é risco de vida
Meu sex
and drugs não tem nenhum rock ‘n’
roll
Eu vou pagar a conta do analista
Pra nunca mais ter que saber quem eu sou
Pois aquele garoto que ia mudar o mundo
(Mudar o mundo)
Agora assiste a tudo em cima do muro
Meus heróis morreram de overdose
Meus inimigos estão no poder
Ideologia
Eu quero uma pra viver
Ideologia
Eu quero uma pra viver
(CAZUZA e
ROBERTO FREJAT - 1988)
E as ilusões estão todas
perdidas (v.
3)
Esse verso pode ser lido como uma alusão a
um livro intitulado Ilusões perdidas, de Honoré de Balzac.
Tal procedimento constitui o que se chama
de:
a) metáfora
b) pertinência
c) pressuposição
d) intertextualidade
5) (Ueg 2008) Pai, afasta de mim esse cálice
Pai,
afasta de mim esse cálice
Pai,
afasta de mim esse cálice
De
vinho tinto de sangue
Como
beber dessa bebida amarga
Tragar
a dor, engolir a labuta
Mesmo
calada a boca, resta o peito
Silêncio
na cidade não se escuta.
(Disponível em:
Acesso
em: 19 set. 2007.)
Durante
a Ditadura Militar, a censura política funcionou como uma mordaça à liberdade
de expressão no Brasil. Em função disso, artistas de diversas tendências usaram
a sua criatividade na produção de obras de forte apelo político, mas que, ao
mesmo tempo, preservavam a beleza estética. Um exemplo é a canção
"Cálice", composta por Chico Buarque e Gilberto Gil, em 1973. Sobre a
expressividade poética e política dessa canção, é INCORRETO afirmar:
a) Ela
explora o duplo sentido que se pode verificar na leitura do vocábulo
"cálice", em razão da identidade fônica entre esta palavra e a forma
verbal do verbo "calar", na terceira pessoa do imperativo.
b) Percebe-se
a manifestação de uma intertextualidade entre os três primeiros versos e o
contexto bíblico da crucificação de Cristo.
c) "Bebida
amarga", no contexto da canção, metaforiza o contexto sócio-histórico em
que ela foi composta.
d) A
canção é um exemplo da bossa nova, um gênero musical que tentou extirpar
qualquer influência norte-americana na música popular brasileira.
6) (Uff 2007) A modernidade tem-se utilizado de meios expressionais que dialogam com
diversas linguagens, produzindo pela intertextualidade novos sentidos e novos
diálogos. Identifique
o comentário pertinente sobre a ressignificação promovida pela
intertextualidade dos fragmentos que se seguem.
a) Amor é fogo que arde sem se
ver.
É ferida que dói e não se sente.
É um contentamento descontente.
É dor que desatina sem doer.
Luís Vaz de Camões
O amor é o fogo que arde sem se ver.
É ferida que dói e não se sente.
É um contentamento descontente.
É dor que desatina sem doer.
Ainda que eu falasse a língua dos
homens.
E falasse a língua dos anjos, sem
amor eu nada seria.
Legião Urbana, "Monte
Castelo"
Os versos de "Monte Castelo" retomam três fontes distintas que
remetem ao local de resistência (título da canção), à necessidade imperiosa do
sentimento fraterno (Apóstolo Paulo) e ao caráter contemplativo e dócil da
vivência amorosa (Camões).
b) Quando nasci, um anjo torto
desses que vivem na sombra
Disse: Vai, Carlos! ser gauche na
vida.
Carlos Drummond de Andrade,
"Poema das sete faces"
Quando nasci um anjo esbelto,
desses que tocam trombeta, anunciou:
vai carregar bandeira.
Cargo muito pesado pra mulher,
esta espécie ainda envergonhada.
Adélia
Prado, "Com licença poética"
Os versos de Adélia Prado retomam a imagem do "anjo",
reproduzindo o caráter de aceitação do papel da mulher no contexto social.
c) Nosso céu tem mais
estrelas,
Nossas várzeas têm mais flores
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida mais amores.
Gonçalves Dias
Nossas várzeas têm mais flores
nossas flores mais pesticidas.
Só se banham em nossos rios
Desinformados e suicidas.
Luiz
FernandoVeríssimo
O fragmento retomado por Veríssimo - versos de "Canção do
Exílio" - situa a realidade em que se insere, sob o ponto de vista
crítico, confrontando-se à visão ufanista do Romantismo.
d) Conselho se fosse bom, as
pessoas
não dariam, venderiam.
Vá dormir que a dor passa.
Quem espera sempre alcança.
Provérbios e ditos populares.
Ouça um bom conselho
Que eu lhe dou de graça
Inútil dormir que a dor não passa
Espere sentado
Ou você se cansa
Está provado, quem espera nunca
alcança.
Chico
Buarque, "Bom conselho"
O fragmento de "Bom conselho" reforça pela linguagem poética o
caráter moralista e educativo desses provérbios.
e) A feição deles é serem pardos, maneira d'avermelhados, de bons rostos e
bons narizes, bem feitos. Andam nus, sem nenhuma cobertura, nem estimam nenhuma
cousa cobrir nem mostrar suas vergonhas. E estão acerca disso com tanta
inocência como também em mostrar o rosto Trecho da Carta de Pero Vaz de
Caminha a el-rei d. Manuel
Senhor: Escrevo
esta carta para vos dar conta dos sucessos da terra de Vera Cruz desde o dia de
seu achamento até a construção desta Brasília onde agora me encontro. Eu a
tenho, Senhor, por derradeiro feito e última louçania da gente de cepa e me
empenharei em bem descrevê-la, nada pondo ou tirando para aformosear nem para
enfear, mas só praticando do que vi, ouvi ou me pareceu.
Segunda Carta de Pero Vaz de
Caminha, a El Rei, escrita da Novel Cidade de Brasília com a data de 21 de
abril de 1960. (Por
Darcy Ribeiro)
O fragmento da carta de Darcy Ribeiro retoma o estilo detalhista e
inventivo de Pero Vaz de Caminha, ao construir a imagem do Brasil segundo o
olhar europeu.
7) (Pucpr 2006) Leia o poema:
podem
ficar com a realidade
esse
baixo astral
em
que tudo entra pelo cano
eu
quero viver de verdade
eu
fico com o cinema americano
O
poeta Paulo Leminski neste poema usa de procedimento redundante em sua obra.
Assinale a alternativa que identifica esse procedimento:
a) intertextualidade.
b) ironia.
c) crítica
à sociedade de massa.
d) fuga
à realidade.
e) desejo
de viver intensamente.
8) Clonagem
Parabenizo
o jornalista Marcelo Leite pelo artigo "O conto das células de
cordão" (Mais!, pag. 18,18/7).
A
tecnologia de congelamento de células de cordão é muito bem dominada por alguns
serviços médicos no Brasil há vários anos. Logo, seria natural que migrássemos
para esse campo. Mas, mesmo sendo factível a sua introdução, ficamos
convencidos de que essa seria uma área que só deveria ser implantada por
instituições (preferencialmente públicas) responsáveis pelo tratamento de um
grande contingente de pacientes, pois só com um cadastro nacional abrangente
poderiam ser atendidos aqueles com indicação de transplante de medula óssea que
não tivessem doadores relacionados disponíveis.
Infelizmente,
foi com muito pesar que vi a proliferação de bancos de cordão voltados ao
possível atendimento dos próprios doadores do cordão (crianças saudáveis e
provenientes de famílias com bons recursos financeiros), uma prática totalmente
desnecessária com pouca repercussão do ponto de vista da saúde pública.
Foi
por esse motivo que nunca nos aventuramos nessa área.
Silvano
Wendel, diretor médico do banco de sangue do Hospital Sírio-Libanês (São
Paulo-SP)
FOLHA DE S. PAULO, São Paulo, 23 jul. 2004, p. A3, Painel do Leitor.
O título do artigo de Marcelo Leite "O conto das células de
cordão" resume a tese de que a prática de doação de cordão umbilical não
tem favorecido aqueles que realmente necessitam de transplante de medula. O
sentido construído no título é alcançado pelo recurso de:
a) inversão,
construída pelo emprego das palavras "células" e "conto".
b) oposição,
provocada pelo uso da palavra "cordão" que tem duplo sentido.
c) paródia,
construída pela explicação do que vêm a ser as células de cordão.
d) intertextualidade,
marcada pelo uso de termos que recuperam elementos dos contos de fadas.
e) contradição,
provocada pelo uso dos termos "cordão" e "células" que
remetem a domínios diferentes.
9) (Pucmg 2003) Leia os versos abaixo, parte do "Poema de Sete Faces", de
"Alguma Poesia":
"Mundo
mundo vasto mundo,
mais
vasto é meu coração."
Se
considerarmos que Tomás Antônio Gonzaga é autor do verso "Eu tenho um
coração maior que o mundo", podemos afirmar que, nos dois versos de
Drummond acima transcritos, existe:
a) mera
cópia do verso de Tomás Antônio Gonzaga.
b) plágio
visível do verso de Tomás Antônio Gonzaga.
c) intertextualidade
flagrante com o verso de Tomás Antônio Gonzaga.
d) apropriação
indevida do verso de Tomás Antônio Gonzaga.
10) (Fuvest 2001) Chega!
Meus
olhos brasileiros se fecham saudosos.
Minha
boca procura a "Canção do Exílio".
Como
era mesmo a "Canção do Exílio"?
Eu
tão esquecido de minha terra...
Ai
terra que tem palmeiras
onde
canta o sabiá!
(Carlos Drummond de Andrade,
"Europa, França e Bahia", ALGUMA POESIA)
Neste
excerto, a citação e a presença de trechos.............. constituem um caso
de..............
Os
espaços pontilhados da frase acima deverão ser preenchidos, respectivamente,
com o que está em:
a) do famoso poema de Álvares de Azevedo /
discurso indireto.
b) da conhecida canção de Noel Rosa / paródia.
c) do célebre poema de Gonçalves Dias/
intertextualidade.
d) da célebre composição de Villa-Lobos/ ironia.
e) do famoso poema de Mário de Andrade /
metalinguagem.
Gabarito:
1) a
b) c
c) d
4) d
5) d
6) c
7) b
8) d
9) c
10) c
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