1) Leia o texto: Ditadura / Democracia
reclama, ninguém vive satisfeito. Mas se você perguntar a qualquer cidadão de uma ditadura o que acha do seu país, ele responde sem hesitação: “Não posso me queixar”.
(Millôr Fernandes, Millôr definitivo: a bíblia do caos.)
a) Para produzir o efeito de humor que o caracteriza, esse texto emprega o recurso da ambiguidade? Justifique sua resposta.
b) Reescreva a segunda parte do texto (de “Mas” até “queixar”), pondo no plural a palavra “cidadão” e fazendo as modificações necessárias.
2) Leia o excerto:
Ninguém mais vive, reparou? Vivencia. “Estou vivenciando um momento difícil”, diz Maricotinha. Fico penalizado, mas ficaria mais se Maricotinha estivesse passando por ou vivendo aquele momento difícil. Há uma diferença, diz o dicionário. Viver é ter vida, existir. Vivenciar também é viver, mas implica uma espécie de reflexão ou de sentir. Não é o caso de Maricotinha. O que ela quer dizer é viver, passar por. Mas disse vivenciar porque é assim que, ultimamente, os pedantes a ensinaram a falar.
(Ruy Castro, Folha de S. Paulo, 27 de junho de 2012. Adaptado.)
a) Da personagem José Dias, diz o narrador do romance Dom Casmurro, de Machado de Assis: “José Dias amava os superlativos. Era um modo de dar feição monumental às ideias; não as havendo, servia a prolongar as frases”. Em que o comportamento linguístico de Maricotinha, tal como o caracteriza o texto, se compara ao da personagem machadiana?
b) Quem já ............................................... a perda de um parente conhece a dor que estou sentindo. Preencha a lacuna da frase acima, utilizando o verbo viver ou o verbo vivenciar, de acordo com a preferência do autor do texto. Justifique sua escolha.
c) No trecho “os pedantes a ensinaram a falar”, a palavra “pedante”, considerada no contexto, pode
ser substituída por ...............................................
3) Leia as seguintes manchetes:
Grupo I
* Esperada, na Câmara, a mensagem pedindo a decretação do estado de guerra (Jornal do Brasil, 07 de outubro de 1937)
* Encerrou seus trabalhos a Conferência de Paris (Folha da Manhã, 16 de julho de 1947.)
* Causaram viva apreensão nos E.U.A. os discos voadores ( Folha da Manhã, 30 de julho de 1952)
Grupo II
* Quase metade dos médicos receita o que indústria quer (Folha de S. Paulo, 31 de maio de 2010.)
* Novo terminal de Cumbica atenderá 19 milhões ao ano (Folha de S. Paulo, 26 de junho de 2011.)
* MEC divulga hoje resultados do Enem por escolas (Zero Hora, 22 de novembro de 2012.)
a) Cada um dos grupos de manchetes acima reproduzidos, por ter sido escrito em épocas diferentes,
caracteriza-se pelo uso reiterado de determinados recursos linguísticos. Indique um recurso linguístico que caracteriza as manchetes de cada um desses grupos.
b) Manchetes jornalísticas costumam suprimir vírgulas. Transcreva a última manchete de cada grupo,
acrescentando vírgulas onde forem cabíveis, de acordo com a norma-padrão da língua portuguesa.
4) Examine o seguinte anúncio publicitário:
a) Qual é a relação de sentido existente entre a imagem de uma folha de árvore e as expressões “Mapeamento logístico” e “caminho”, empregadas no texto que compõe o anúncio acima reproduzido?
b) A que se refere o advérbio “aqui”, presente no texto do anúncio?
Redação
Esta é a reprodução (aqui, sem as marcas normais dos anunciantes, que foram substituídas por X de um anúncio publicitário real, colhido em uma revista, publicada no ano de 2012. Como toda mensagem, esse anúncio, formado pela relação entre imagem e texto, carrega pressupostos e implicações: se o observarmos bem, veremos que ele expressa uma determinada mentalidade, projeta uma dada visão de mundo, manifesta uma certa escolha de valores e assim por diante.
Redija uma dissertação em prosa, na qual você interprete e discuta a mensagem contida nesse anúncio, considerando os aspectos mencionados no parágrafo anterior e, se quiser, também outros aspectos que julgue relevantes. Procure argumentar de modo a deixar claro seu ponto de vista sobre o assunto.
Resolução 1)
a) O trecho que apresenta duplo sentido é “Não posso me queixar”, que pode ser entendido de duas formas: “não tenho de que me queixar, estou satisfeito”, ou “não tenho permissão para me queixar, pois posso ser punido caso me manifeste”.
b) Mas se você perguntar a quaisquer cidadãos de uma ditadura o que acham de seu país, eles respondem, sem hesitação: Não podemos nos queixar.
Resolução 2)
a) O comportamento linguístico de José Dias consiste em “dar feição monumental às ideias”, ou seja, em
atribuir-lhes uma aparência engrandecedora. Esse cacoete equivale à preferência de Maricotinha por vivenciar em lugar de viver, pois aquele verbo teria, supostamente, uma carga semântica mais “nobre”.
b) O verbo que preenche adequadamente a lacuna é viver: Quem já viveu a perda de um parente
conhece a dor que estou sentindo. Para o autor, viver, e não vivenciar, deve ser empregado no sentido de “passar por uma experiência”, pois vivenciar implicaria também uma atitude reflexiva.
c) O vocábulo “pedante” pode ser substituído por “pretensioso”, no sentido de “aquele que se pre tende culto, alardeando conhecimento que não possui”.
Resolução 3)
a) No Grupo I, as manchetes se iniciam pelos verbos (“Esperada”, “Encerrou” e “Causaram”). Assim, põe-se em relevo a ação praticada, não o agente que a praticou, visto que os sujeitos dessas manchetes estão pospostos: “a mensagem”, “a Conferência de Paris”, “os discos voadores”. No Grupo II, as manchetes não estão com os termos das orações invertidos, pois elas se iniciam pelo sujeito: “Quase metade dos médicos”, “Novo Terminal de Cumbica” e “MEC”. Dessa forma, destacam-se os sujeitos e não apenas as ações a eles atribuídas.
b) Nas últimas orações de cada grupo, as vírgulas podem ser empregadas para isolar os adjuntos
adverbiais intercalados:
I) Causaram viva apreensão, nos EUA, os discos voadores.
II) MEC divulga, hoje, resultados do ENEM por escolas.
Resolução 4)
a) A imagem da folha de árvore apresenta nervuras, que possuem semelhança com um mapa “logístico”, ou seja, um mapa que representa pictoricamente a organização de pormenores de deslocamento.
b) O advérbio “aqui” tanto pode referir-se ao mapeamento logístico da Amazônia, quanto ao respeito
pela natureza, representada pela imagem da folha de árvore.
Nenhum comentário:
Postar um comentário