sábado, 30 de junho de 2012

Arena do Século XXI (redação de minha aluna Juliana Gomes)



      Não raro nos deparamos com situações cotidianas que introduzem uma história com final trágico. Casos que ganham notoriedade,  alguns os quais,  de tão absurdos, ganham repercussão internacional, anualmente se repetem pelos mesmos motivos banais. A violência no Brasil, ao contrário da população, perdeu o preconceito e hoje tem vítimas de todos os jeitos, independentemente do sexo, religião, cor ou posição social.
     Crimes como o de Eloá, que foi assassinada pelo ex-namorado; de João Hélio, que foi arrastado  pendurado para fora do carro; do índio Galdino incendiado enquanto dormia na rua e, mais recente, o caso Yoki, da esposa que esquartejou o marido após descobrir uma traição, escandalizam a sociedade que, mesmo com todo avanço tecnológico conquistado, mostra-se regredindo em relação aos valores morais.
   Na Idade Média, nossos antepassados lutavam até a morte para sobreviver. Não dispunham de leis, não eram civilizados, matavam por comida, moradia, para demonstrar superioridade. Em pleno século XXI, as pessoas matam por ciúmes, preconceitos, diversão. Os antigos jogos de arena da Roma Antiga, podemos assistir a eles hoje em estádios de futebol, onde torcidas brigam pelos seus times  ou lutadores de MMA (sigla para "mistura de artes marciais", em inglês), com seus golpes violentos, fazem crescer no público o sentimento de que isso é normal e até desejado no contexto em que se inserem. 

   Em síntese, a falta de diálogo entre as pessoas contribui com grande peso para essa violência banalizada. Paulo Lins, em "Cidade de Deus",  resumiu em poucas palavras esse grande problema da população brasileira: "Falha a fala. Fala a bala." Ter respeito pelas escolhas que cada um faz e pelas diferenças é fundamental.


(Fonte: Juliana Gomes - CARO Objetivo)

domingo, 24 de junho de 2012

Sentimento do Mundo (nove poemas selecionados) - Carlos Drummond de Andrade

Confidência do Itabirano





Alguns anos vivi em Itabira.
Principalmente nasci em Itabira.
Por isso sou triste, orgulhoso: de ferro.
Noventa por cento de ferro nas calçadas.
Oitenta por cento de ferro nas almas.
E esse alheamento do que na vida é porosidade e
comunicação.


A vontade de amar, que me paralisa o trabalho,
vem de Itabira, de suas noites brancas, sem mulheres e sem horizontes.
E o hábito de sofrer, que tanto me diverte,
é doce herança itabirana.

De Itabira trouxe prendas que ora te ofereço:
este São Benedito do velho santeiro Alfredo Duval;
este couro de anta, estendido no sofá da sala de visitas;
este orgulho, esta cabeça baixa...


Tive ouro, tive gado, tive fazendas.
Hoje sou funcionário público.
Itabira é apenas uma fotografia na parede.


Mas como dói!




                                                       Sentimento do Mundo  


Tenho apenas duas mãos
e o sentimento do mundo,
mas estou cheio escravos,
minhas lembranças escorrem
e o corpo transige
na confluência do amor.


Quando me levantar, o céu
estará morto e saqueado,
eu mesmo estarei morto,
morto meu desejo, morto
o pântano sem acordes.


Os camaradas não disseram
que havia uma guerra
e era necessário
trazer fogo e alimento.


Sinto-me disperso,
anterior a fronteiras,
humildemente vos peço
que me perdoeis.


Quando os corpos passarem,
eu ficarei sozinho
desfiando a recordação
do sineiro, da viúva e do microcopista
que habitavam a barraca
e não foram encontrados
 amanhecer


esse amanhecer
mais noite que a noite.



Mundo Grande

Nao, meu coração não é maior que o mundo.
É muito menor.
Nele não cabem nem as minhas dores.
Por isso gosto tanto de me contar.
Por isso me dispo.
Por isso me grito,
por isso freqüento os jornais, me exponho cruamente nas livrarias:
preciso de todos.

Sim, meu coração é muito pequeno.
Só agora vejo que nele não cabem os homens.
Os homens estão cá fora, estão na rua.
A rua é enorme. Maior, muito maior do que eu esperava.
Mas também a rua não cabe todos os homens.
A rua é menor que o mundo.
O mundo é grande.


Tu sabes como é grande o mundo.
Conheces os navios que levam petróleo e livros, carne e algodão.
Viste as diferentes cores dos homens.
as diferentes dores dos homens.
sabes como é difícil sofrer tudo isso, amontoar tudo isso
num só peito de homem... sem que elo estale.

Fecha os olhos e esquece.
Escuta a água nos vidros,
tão calma. Não anuncia nada.
Entretanto escorre nas mãos,
tão calma! vai’ inundando tudo...
Renascerão as cidades submersas?
Os homens submersos —— voltarão?
Meu coração não sabe.
Estúpido, ridículo e frágil é meu coração.
Só agora descubro
como é triste ignorar certas coisas.
(Na solidão de invidíduo
desaprendi a linguagem
com que homens se comunicam.)

Outrora escutei os anjos,
as sonatas, os poemas, as confissões patéticas.
Nunca escutei voz de gente.
Em verdade sou muito pobre.

Outrora viajei
países imaginários, fáceis de habitar.
ilhas sem problemas, não obstante exaustivas e convocando ao suicídio


Meus amigos foram às ilhas.
Ilhas perdem o homem.
Entretanto alguns se salvaram e
trouxeram a notícia
de que o mundo, o grande mundo está crescendo todos os dias,
entre o fogo e o amor.

Então, meu coração também pode crescer.
Entre o amor e o fogo,
entre a vida e o fogo,
meu coração cresce dez metros e explode.
— Ó vida futura! nós te criaremos




Poema da Necessidade

É preciso casar João,
é preciso suportar Antônio,
é preciso odiar Melquíades
é preciso substituir nós todos.


É preciso salvar o país,
é preciso crer em Deus,
é preciso pagar as dívidas,
é preciso comprar um rádio,
é preciso esquecer fulana.


É preciso estudar volapuque,
é preciso estar sempre bêbado,
é preciso ler Baudelaire,
é preciso colher as flores
de que rezam velhos autores.


É preciso viver com os homens
é preciso não assassiná-los,
é preciso ter mãos pálidas
e anunciar O FIM DO MUNDO.



Congresso Internacional do Medo

Provisoriamente não cantaremos o amor,
que se refugiou mais abaixo dos subterrâneos.
Cantaremos o medo, que esteriliza os abraços,
não cantaremos o ódio porque esse não existe,
existe apenas o medo, nosso pai e nosso companheiro,
o medo grande dos sertões, dos mares, dos desertos,
o medo dos soldados, o medo das mães, o medo das igrejas,
cantaremos o medo dos ditadores, o medo dos democratas,
cantaremos o medo da morte e o medo de depois da morte, depois morreremos
de medo e sobre nossos túmulos nascerão flores amarelas e medrosas.


Mãos Dadas

Não serei o poeta de um mundo caduco.
Também não cantarei o mundo futuro.
Estou preso à vida e olho meus companheiros.
Estão taciturnos mas nutrem grandes esperanças.
Entre eles, considero a enorme realidade.
O presente é tão grande, não nos afastemos.
Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas.

Não serei o cantor de uma mulher, de uma história,
não direi os suspiros ao anoitecer, a paisagem vista da janela,
não distribuirei entorpecentes ou cartas de suicida,
não fugirei para as ilhas nem serei raptado por serafins.
O tempo é a minha matéria, do tempo presente, os homens presentes,
a vida presente.




Os ombros suportam o mundo

Chega um tempo em que não se diz mais: meu Deus.
Tempo de absoluta depuração.
Tempo em que não se diz mais: meu amor.
Porque o amor resultou inútil.
E os olhos não choram.
E as mãos tecem apenas o rude trabalho.
E o coração está seco.

Em vão mulheres batem à porta, não abrirás.
Ficaste sozinho, a luz apagou-se,
mas na sombra teus olhos resplandecem enormes.
És todo certeza, já não sabes sofrer.
E nada esperas de teus amigos.

Pouco importa venha a velhice, que é a velhice?
Teus ombros suportam o mundo
e ele não pesa mais que a mão de uma criança.
As guerras, as fomes, as discussões dentro dos edifícios
provam apenas que a vida prossegue
e nem todos se libertaram ainda.


Alguns, achando bárbaro o espetáculo,
prefeririam (os delicados) morrer.
Chegou um tempo em que não adianta morrer.
Chegou um tempo em que a vida é uma ordem.
A vida apenas, sem mistificação.



Lembrança do Mundo Antigo

Clara passeava no jardim com as crianças.
O céu era verde sobre o gramado,
a água era dourada sob as pontes,
outros elementos eram azuis, róseos, alaranjados,
o guarda civil sorria, passavam bicicletas,
a menina pisou a relva para pegar um pássaro,
o mundo inteiro, a Alemanha, a China, tudo era tranqüilo em redor de Clara.

As crianças olhavam para o céu: não era proibido.
A boca, o nariz, os olhos estavam abertos. Não havia perigo.
Os perigos que Clara temia eram a gripe, o calor, os insetos.
Clara tinha medo de perder o bonde das onze horas,
esperava cartas que custavam a chegar,
nem sempre podia usar vestido novo. Mas passeava no jardim, pela manhã!!!
havia jardins, havia manhãs naquele tempo!!!


Elegia 1938

Trabalhas sem alegria para um mundo caduco,
onde as formas e as ações no encerram nenhum exemplo.
Praticas laboriosamente os gestos universais,
sentes calor e frio, falta de dinheiro, fome e desejo sexual.


Heróis enchem os parques da cidade em que te arrastas,
e preconizam a virtude, a renúncia, o sangue-frio, a concepção.
À noite, se neblina, abrem guarda-chuvas de bronze
ou se recolhem aos volumes de sinistras bibliotecas.

Amas a noite pelo poder de aniquilamento que encerra
e sabes que, dormindo, os problemas de dispensam de morrer.
Mas o terrível despertar prova a existência da Grande Máquina
e te repõe, pequenino, em face de indecifráveis palmeiras.


Caminhas entre mortos e com eles conversas
sobre coisas do tempo futuro e negócios do espírito.
A literatura estragou tuas melhores horas de amor.
Ao telefone perdeste muito, muitíssimo tempo de semear.

Coração orgulhoso, tens pressa de confessar tua derrota
e adiar para outro século a felicidade coletiva.
Aceitas a chuva, a guerra, o desemprego e a injusta distribuição
porque não podes, sozinho, dinamitar a ilha de Manhattan.




13º tema de redação 2012 - Considerações sobre os temas da Rio+20

A partir da leitura dos tópicos abaixo, desenvolva um texto dissertativo sobre um dos temas da Rio+20. Utilize também  seu conhecimento de mundo para enriquecer sua argumentação.

• Rio+20 = Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável. Mais de 180 países reunidos para discutirem como o mundo poderá crescer economicamente, como tirar pessoas da pobreza e como preservar o meio ambiente --tudo ao mesmo tempo;

• Marca os 20 anos da Rio92 ou ECO92. Esta é uma conferência símbolo, pois trouxe a discussão sobre ambiente para o dia-a-dia das pessoas. Reciclagem de lixo, preocupação com poluição, desmatamento da Amazônia eincentivo para a economia de água são algumas atitudes comuns hoje que tiveram grande projeção naquela época;

• Foi a partir de 92 que o ambiente foi estabelecido como pilar do desenvolvimento sustentável, ao lado do social e econômico. Também foi neste ano que a preocupação ganhou alcance mundial;

Retrospectiva

• Em 8000 a.C., a agricultura florescia no Crescente Fértil, no Oriente Médio e apenas 5 milhões de habitantes ocupavam o planeta – cada um deles tinha à sua disposição 30 quilômetros quadrados de terra para caçar, plantar e extrair sem culpa os recursos naturais necessários para a sobrevivência;

• Hoje, o uso de recursos naturais já excede em 50% a capacidade de reposição da natureza. Em 2030, serão necessárias duas Terras para garantir o atual padrão de vida da humanidade;

• É o preço a pagar pelo aumento populacional, resultado de uma longa luta da humanidade pela sobrevivência e contra os efeitos danosos da mortalidade precoce, movimento atrelado aos avanços da medicina e do saneamento;

• De 1800 a 2010, a economia mundial aumentou noventa vezes. O impacto da produção e do consumo resultantes do crescimento econômico e populacional na pauperização do ambiente foi avassalador;

• O sucesso humano dos últimos dois séculos teve um preço elevadíssimo. A poluição do solo, dos rios, lagos e oceanos, a queima de combustíveis fósseis e o desmatamento têm erodido o capital natural e reduzido a riqueza da biodiversidade. O mundo precisa de um acordo global para controlar os efeitos danosos do excesso de consumo, mas que, ao mesmo tempo, garanta a transição demográfica;

Temas da Rio+20

• Busca de fontes de energias renováveis;

• Segurança alimentar

• Criação de empregos verdes

• Cidades sustentáveis

• Acesso ao saneamento básico e à água potável

• Questões oceânicas

• Desastres naturais

sexta-feira, 22 de junho de 2012

Semana 9: Questões de Português no vestibular de inverno da UNESP - 2012


Instrução: As questões de números 01 a 05 tomam por base  uma passagem do livro "A vírgula", do filólogo Celso Pedro Luft  (1921-1995).

A vírgula no vestibular de português

       “Mas, esta, não é suficiente.”
       “Porque, as respostas, não satisfazem.”
       “E por isso, surgem as guerras.”
       “E muitas vezes, ele não se adapta ao meio em que vive.”
      “Pois, o homem é um ser social.”
      “Muitos porém, se esquecem que...”
      “A sociedade deve pois, lutar pela justiça social.”
Que é que você acha de quem virgula assim?
Você vai dizer que não aprendeu nada de pontuação quem  semeia assim as vírgulas. Nem poderá dizer outra coisa. Ou não lhe ensinaram, ou ensinaram e ele não aprendeu.
O certo é que ele se formou no curso secundário. Lepidamente,  sem maiores dificuldades. Mas a vírgula é um “objeto não identificado”, para ele.
Para ele? Para eles. Para muitos eles, uma legião. Amanhã serão doutores, e a vírgula continuará sendo um objeto não  identificado. Sim, porque os três ou quatro mil menos fracos  ultrapassam o vestíbulo... Com vírgula ou sem vírgula. Que a  vírgula, convenhamos, até que é um obstáculo meio frágil, um  risquinho. Objeto não identificado? Não, objeto invisível a olho  nu. Pode passar despercebido até a muito olho de lince de examinador...
— A vírgula, ora, direis, a vírgula...
Mas é justamente essa miúda coisa, esse risquinho, que  maior informação nos dá sobre as qualidades do ensino da língua escrita. Sobre o ensino do cerne mesmo da língua: a frase,  sua estrutura, composição e decomposição.
Da virgulação é que se pode depreender a consciência, o  grau de consciência que tem, quem escreve, do pensamento e  de sua expressão, do ir-e-vir do raciocínio, das hesitações, das interpenetrações de ideias, das sequências e interdependências,  e, linguisticamente, da frase e sua constituição.
As vírgulas erradas, ao contrário, retratam a confusão mental, a indisciplina do espírito, o mau domínio das ideias e do  fraseado.
Na minha carreira de professor, fiz muitos testes de pontuação. E sempre ficou clara a relação entre a maneira de pontuar  e o grau de cociente intelectual.
Conclusão que tirei: os exercícios de pontuação constituem  um excelente treino para desenvolver a capacidade de raciocinar e construir frases lógicas e equilibradas.
Quem ensina ou estuda a sintaxe — que é a teoria da frase  (ou o “tratado da construção”, como diziam os gramáticos antigos) — forçosamente acaba na importância das pausas, cortes,  incidências, nexos, etc., elementos que vão se espelhar na pontuação, quando a mensagem é escrita.
Pontuar bem é ter visão clara da estrutura do pensamento  e da frase. Pontuar bem é governar as rédeas da frase. Pontuar  bem é ter ordem, no pensar e na expressão.

1)    “Sim, porque os três ou quatro mil menos fracos ultrapassam o  vestíbulo...”
Nesta passagem, Celso Pedro Luft sugere, com algum deboche,  que:
(A) somente três ou quatro mil pessoas empregam adequadamente a vírgula.
(B) quem passa nos exames vestibulares são os candidatos menos fracos.
(C) se a pontuação fosse um edifício, poucas pessoas ultrapassariam seu vestíbulo.
(D) até mesmo grandes escritores não sabem virgular.
(E) quem sabe usar a vírgula é bem-sucedido na vida.

2)    As frases abaixo correspondem a tentativas de corrigir o erro de  virgulação apontado por Celso Pedro Luft na série de exemplos  que apresenta.
I. “Porque as respostas não satisfazem.”
II. “E, muitas vezes, ele não se adapta ao meio em que vive.”
III. “Pois o homem é, um ser social.”
IV. “A sociedade deve, pois, lutar pela justiça social.”
As frases em que o problema de virgulação foi resolvido adequadamente estão contidas apenas em:
(A) I e II.
(B) I e III.
(C) I, II e III.
(D) I, II e IV.
(E) II, III e IV.

3)    As vírgulas erradas, ao contrário, retratam a confusão mental,  a indisciplina do espírito, o mau domínio das ideias e do fraseado.
As quatro palavras destacadas nesta frase, se substituídas,  na ordem adequada, pelas palavras da relação abaixo, produzem  outra frase, de sentido oposto:
I. disciplina.
II. organização.
III. bom.
IV. corretas.
Aponte a alternativa que indica a ordem em que se deve fazer a  substituição:
(A) I, II, III, IV.
(B) II, III, IV, I.
(C) IV, II, I, III.
(D) III, I, II, IV.
(E) IV, I, III, II.

4)    Amanhã serão doutores, e a vírgula continuará sendo um objeto  não identificado.
Com base nesta previsão, o autor acredita que:
(A) com a internet, futuramente a vírgula se tornará desnecessá- ria e desconhecida.
(B) todos os doutores esquecem o que aprenderam sobre a  vírgula.
(C) quanto à sintaxe, não se pode dizer se a vírgula é objeto  direto ou indireto.
(D) no futuro, os doutores precisarão consultar ufos para aprender a usar a vírgula.
(E) mesmo depois de formadas, muitas pessoas não saberão  usar a vírgula.

5)    Ou não lhe ensinaram, ou ensinaram e ele não aprendeu. O certo é que ele se formou no curso secundário.
As palavras colocadas em negrito, nesta passagem,
I. são pronomes pessoais.
II. são pronomes pessoais do caso reto.
III. apresentam no contexto o mesmo referente.
IV. pertencem à terceira pessoa do singular.
As afirmações corretas estão contidas apenas em:
(A) I e II.
(B) II e III.
(C) I, II e III.
(D) I, III e IV.
(E) II, III e IV.

Instrução: As questões de números 6 a 10 tomam por base os  parágrafos iniciais e alguns fragmentos de um artigo assinado  por Wilson Weigl na revista Conhecer, edição de número 20, de  2011.

Raça, suor e tecnologia

Quem é o maior craque do mundo na sua opinião? O argentino Messi? O português Cristiano Ronaldo? Xavi, do Barcelona? Ou você elege a prata da casa, como Kaká, Neymar  ou Ganso? São jogadores que esbanjam talento, forma física e  técnica. Mas o momento em que esses ídolos entram em campo  representa a finalização de um processo envolvendo milhões de  dólares em pesquisas de ponta. Porque, além da qualidade individual e do nível tático da equipe, hoje também os uniformes e a  bola podem influir no placar final.
Não é exagero. Grandes empresas fabricantes de material  esportivo trabalham em parceria com universidades e laboratórios em todo o mundo para desenvolver e aplicar as mais inovadoras tecnologias em chuteiras, camisetas, calções, meias e  luvas, visando melhorar o rendimento dos jogadores. O objetivo
é amplo: maximizar a performance dos atletas durante os 90  minutos da partida, diminuir o impacto do esforço e encurtar o  tempo de recuperação após o jogo. “Os craques da elite do futebol mundial não são apenas garotos-propaganda, mas pilotos de  testes no desenvolvimento dos produtos que podem demorar até  dois anos antes de chegar às prateleiras das lojas”, diz Daniel  Schmidt, gerente de futebol da Adidas no Brasil. E, como não  poderia deixar de ser, os grandes campeonatos internacionais  são as principais vitrines desses novos produtos.
Entretanto, nenhuma chuteira ou camisa proporcionaria  significativo aumento de rendimento dos atletas não fossem as  recentes descobertas médicas sobre os processos fisiológicos e  as variáveis que influenciam o desempenho esportivo. Conceitos  que hoje estão na boca de todos os frequentadores de academia  — como biótipo, zona de frequência cardíaca e índice de massa  corporal, por exemplo — surgiram nos estudos dos profissionais  de medicina esportiva. “Essas descobertas se aceleraram a partir dos anos 80”, conta Miguel de Arruda, diretor associado da  Faculdade de Educação Física da Universidade de Campinas  (Unicamp), que presta assessoria para times de futebol. Hoje,  já é corriqueiro o treinamento de atletas levar em conta informações sobre a influência de marcadores bioquímicos (como  atividade hormonal e concentração enzimática). Nada disso  era conhecido na época dos gloriosos dias de Garrincha, Pelé e  Ademir da Guia.
Produtos desenvolvidos pelas grandes marcas vão chegar  primeiro às mãos (ou aos pés) dos astros do esporte. [...]
Os uniformes atuais, por exemplo, são capazes de baixar a  temperatura corporal, facilitar a evaporação do suor e tonificar  a musculatura, melhorando a força. Pois tanto o tecido quanto  a modelagem das camisetas e dos calções influem no melhor  aproveitamento de energia pelo jogador ou, por outro lado, no  desperdício dela. [...]
Há chuteiras que proporcionam mais potência nos chutes,  maior controle da bola ou precisão nos passes. Os modelos atuais são cada vez mais leves e confortáveis;  quase sapatilhas de corrida, alguns chegam a pesar meros 165  gramas — menos da metade do peso que Pelé carregava na  Copa de 1970, no México. Uma chuteira daquela época pesava  cerca de 500 gramas.

   6) Na linguagem do futebol e dos esportes, o termo raça, que aparece no título deste artigo, significa:
(A) diferença de origem geográfica.
(B) o conjunto dos ascendentes e descendentes.
(C) desprezo aos companheiros menos talentosos.
(D) maior inteligência e afinidade.
(E) vontade firme, grande determinação.

7)    Examine as afirmações, comparando-as com o que se informa no  artigo apresentado.
I. O futebol se tornou um grande negócio no mundo de hoje.
II. As conquistas da moderna medicina esportiva são fator de  melhoria do desempenho físico dos jogadores.
III. A tecnologia dos equipamentos do esporte pode tornar qualquer pessoa um gênio do futebol.
IV. Os craques da elite do futebol mundial são também garotos-propaganda de produtos de grandes marcas.
As afirmações que correspondem as que se expõe no artigo são,  apenas:
(A) I e II.
(B) I e III.
(C) I, II e III.
(D) I, II e IV.
(E) II, III e IV.

8) A leitura atenta do artigo revela que seu autor atribui maior importância, entre os fatores que podem causar a melhoria do desempenho dos atletas:
(A) à publicidade, que leva os jogadores a ganhar milhões de  dólares e demonstrar que merecem receber tanto dinheiro.
(B) às conquistas da medicina esportiva, que possibilitam significativo acréscimo ao desempenho físico dos atletas.
(C) à contratação dos jogadores como pilotos de testes para o  aperfeiçoamento dos novos equipamentos.
(D) aos novos equipamentos, como chuteiras, calções, meias e  luvas, feitos de materiais que duplicam a capacidade dos  atletas.
(E) ao patriotismo dos atletas, que se superam ao representar  seus países no estrangeiro.

9) Embora o artigo tenha por finalidade enfatizar a utilidade dos  produtos da tecnologia e das conquistas da medicina para a prática do futebol, a menção em destaque a grandes jogadores como  Pelé, Garrincha, Ademir da Guia, Messi, Cristiano Ronaldo,  Xavi, Kaká, Neymar e Ganso deixa implícito que:
(A) no futebol não é importante ser um grande jogador, mas ter  o melhor equipamento.
(B) sem tecnologia e atenção médica, esses jogadores não seriam tão grandes como a imprensa propaga.
(C) a imprensa é que cria ídolos, pois todos os jogadores jogam  praticamente do mesmo modo.
(D) os grandes jogadores perdem a confiabilidade, na medida  em que “se vendem” para empresas como testadores de produtos e garotos-propaganda.
(E) com ou sem tecnologia ou progressos científicos, são os  grandes talentos a principal referência do futebol e dos esportes em geral.

10) Estar em forma física e forma técnica, no artigo e no jargão esportivo, designam, respectivamente, o fato de um atleta
(A) ter condições de apresentar o necessário rendimento físico e  de servir-se de todas as suas habilidades durante uma partida.
(B) demonstrar excelente rendimento tático e ótimo desempenho na marcação do adversário.
(C) revelar alto índice de massa corporal e ser dotado de biótipo  adequado à prática do esporte.
(D) apresentar atividade hormonal elevada e baixa concentração  enzimática.
(E) ser dotado de talento individual e capacidade de percepção  dos esquemas do adversário.

Instrução: As questões de números  11 a 15 tomam por base  uma reportagem de Antônio Gois publicada em 03.02.2012 pelo  jornal Folha de S.Paulo.

Laptop de aluno de escola pública tem problemas

Estudo feito pela UFRJ para o governo federal mostra que o  programa UCA (Um Computador por Aluno), implementado em  2010 em seis municípios, esbarrou em problemas de coordenação, capacitação de professores e adequação de infraestrutura.
O programa piloto do MEC forneceu 150 mil laptops de baixo custo a professores e alunos de cerca de 300 escolas públicas.  Às cidades foram prometidas infraestrutura para acesso à internet e capacitação de gestores e professores.
Uma das conclusões do estudo foi que a infraestrutura de  rede foi inadequada. Em cinco cidades, os avaliadores identificaram que os sinais de internet eram fracos e instáveis tanto nas  escolas quanto nas casas e locais públicos.
A pesquisa mostra que os professores se mostravam entusiasmados no início, mas, um ano depois, 70% relataram não ter contado com apoio para resolver problemas técnicos e 42%  disseram usar raramente ou nunca os laptops em tarefas pedagógicas.
Em algumas cidades, os equipamentos que davam defeito  ficaram guardados por falta de técnicos que soubessem consertá-los.
Além disso, um quinto dos docentes ainda não havia recebido capacitação, e as escolas não tinham incorporado o programa em seus projetos pedagógicos.
Um dos pontos positivos foi que os alunos passaram a ter  mais domínio de informática. O programa foi mais eficiente  quando as escolas que permitiram levar o laptop para casa.
Foram avaliadas Barra dos Coqueiros (SE), Santa Cecília  do Pavão (PR), São João da Ponta (PA), Terenos (MS) e Tiradentes (MG). Os autores do estudo não deram entrevista.

11)  [...] o programa UCA (Um Computador por Aluno), implementado em 2010 em seis municípios,  esbarrou em problemas de  coordenação, capacitação de professores e adequação de infraestrutura.
Observe as seguintes tentativas de substituir esbarrou em nesta  passagem.
I. foi de encontro a.
II. defrontou-se com.
III. resolveu.
IV. eliminou.
As substituições que não alteram substancialmente o sentido da  frase estão contidas em:
(A) I e II.
(B) I e III.
(C) II e III.
(D) I, II e IV.
(E) II, III e IV.

12) Os autores do estudo não deram entrevista. Considerando que é praxe no jornalismo entrevistar o autor ou os  autores de livros ou artigos comentados, o jornalista, ao fechar a  notícia com a frase mencionada, busca deixar claro que
(A) os autores foram muito antipáticos ao não conceder entrevista.
(B) a análise feita não tem credibilidade, já que os autores não  falam a respeito.
(C) a notícia apresentada resulta exclusivamente da leitura do  estudo pelo jornalista.
(D) não havia necessidade de os autores se manifestarem a respeito de seu trabalho.
(E) os autores da pesquisa não foram realmente convidados a  dar entrevista.

13) Uma das conclusões do estudo foi que a infraestrutura de rede  foi inadequada.
Examine as quatro possibilidades de reescrever a frase destacada  para evitar a repetição desnecessária da forma verbal foi.
I. Uma das conclusões do estudo aponta que a infraestrutura  de rede foi inadequada.
II. Uma das conclusões do estudo foi a inadequação da estrutura de rede.
III. A estrutura de rede foi inadequada, conforme uma das conclusões do estudo.
IV. Uma das conclusões do estudo foi que a infraestrutura de  rede foi considerada inadequada.
As frases que evitam a repetição da forma verbal foi estão contidas apenas em
(A) I e II.
(B) I e III.
(C) II e III.
(D) I, II e III.
(E) II, III e IV.

14) O programa foi mais eficiente quando as escolas que permitiram  levar o laptop para casa.
Assinale a alternativa que indica a falha de revisão verificada na  passagem destacada.
(A) O jornalista deveria ter usado o termo mais adequado:  notebook.
(B) Seria muito mais claro empregar  computador  em vez de  laptop.
(C) A palavra que deveria ter sido eliminada, porque não tem  função na frase.
(D) Deveria haver ponto após escolas.
(E) Deveria ter sido colocada uma vírgula depois da palavra  permitiram.

15) Uma leitura atenta do texto apresentado revela que a principal  falha do programa UCA foi
(A) dos alunos, que não se mostraram aplicados em aprender.
(B) dos professores, que perderam logo o interesse.
(C) das escolas, que não exigiram mais de professores e alunos.
(D) dos prefeitos das cidades, que não providenciaram melhores  condições para as escolas.
(E) do próprio programa, que não previu infraestrutura técnica  adequada e treinamento de gestores e professores.

Gabarito:
1.b
2.d
3.c
4.e
5.d
6.e
7.d
8.b
9.e
10.a
11.a
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quinta-feira, 21 de junho de 2012

12º tema de redação 2012 - Banalização da violência no Brasil

Você se lembra dos nomes abaixo, todos eles  protagonistas de notícias veiculadas pela mídia na última década?
* Suzane von Richthofen                               * João Hélio
* Índio Galdino                                               * Isabela Nardoni
* Eloá                                                             * Elisa Samudio
* Marcos Kitano                                             * Wellington Menezes


Nesta exemplificação, vemos pessoas envolvidas em situações que confirmam a banalização da violência em nossos dias. Baseando-se no comentário a seguir, desenvolva uma dissertação analisando o tema destacado.


" Falha a fala. Fala a bala." Esta constatação de Paulo Lins, em Cidade de Deus, banalizou-se por todo o Brasil. Exemplos de violência estão todos os dias estampados na mídia, a qual transforma em espetáculo aquilo que é mais sórdido no ser humano, sua maldade, por vezes, não domada. O índio Galdino queimado "por brincadeira" por um grupo de jovens; a adolescente Suzane von Richthofen matando os pais para ficar com o namorado; o garoto João Hélio arrastado preso ao cinto de segurança de um carro roubado; Isabela Nardoni arremessada do 6º andar por quem devia cuidar dela; os tiros na escola de Realengo pelo ex-aluno Wellington Menezes vítima de bullying passado; agora, o  marido Marcos Kitano esquartejado pelo rompimento da relação.  Todos estes fatos expõem a nossa proximidade com outros animais, instintivos e brutais diante do outro que nos ameaça. Nossa razão parece nos faltar, assim como o diálogo e o respeito à vida e aos valores humanos mais essenciais."  (Professora Lou)