O uso das novas regras ortográficas, que mudam 0,5% das palavras em
português, só será obrigatório a partir de janeiro de 2016. Até lá, o
emprego do acento circunflexo em duplos "e" e "o" (como em "voo") e do
trema -ambos extintos no novo Acordo Ortográfico- continua sendo
opcional.
Como a Folha antecipou na semana passada, o governo federal
decidiu adiar para 2016 a obrigatoriedade do texto para sincronizar as
mudanças com Portugal.
Decreto assinado pela presidente Dilma Rousseff e publicado ontem no
"Diário Oficial da União" ampliou em mais três anos o prazo de
transição, que venceria no dia 31.
Apesar de ser encarada como um movimento diplomático, a decisão abre
brechas para alterar as regras ou até suspendê-las. No Congresso,
senadores já planejam audiências públicas para debater o Acordo e propor
mudanças.
A maior pressão vem de professores de português, que reclamam terem sido
excluídos do debate. Contrários ao acordo, eles querem mudanças
alegando que as regras se baseiam principalmente em "decoreba" e não
seguem uma lógica clara.
Previsto desde 1990 para padronizar textos escritos nos países de língua
portuguesa, o Acordo Ortográfico foi modificado nos anos 2000. Hoje, é
obrigatório só em Cabo Verde.
No Brasil, os setores público e privado já adotam as novas regras. A
partir do próximo ano, por exemplo, todos os livros didáticos usados na
rede pública terão a nova grafia.
Dos oito países de língua portuguesa, apenas Angola e Moçambique ainda
não assinaram o texto. Portugal só o ratificou em 2008 e optou por um
período maior para se adaptar às mudanças.
Entre as justificativas para alterar a grafia das palavras, está a
necessidade de reduzir o custo econômico de produção e tradução de
livros, de melhorar o intercâmbio cultural, de promover uma maior
integração entre os países lusófonos e, ainda, de facilitar a difusão de
novas tecnologias.
(Fonte: Folha de S. Paulo - 29/12/12)
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