segunda-feira, 2 de julho de 2012

14º tema de redação 2012 - Censura ao dicionário? (Mackenzie - 2012)



Redija uma dissertação a tinta, desenvolvendo um tema comum aos textos abaixo.

Texto I
Ao ler-se em um dicionário, por sinal extremamente bem conceituado, que a  nomenclatura “cigano” significa “aquele que trapaceia, velhaco”, entre outras  coisas do gênero, ainda que deixe expresso que é uma linguagem pejorativa,  ou, ainda, que se trata de acepções carregadas de preconceito ou xenofobia,  fica claro o caráter discriminatório assumido pela publicação. (Cléber Eustáquio Neves, procurador)

Texto II
Agora há novamente paladinos da sociedade perfeita, o que lá seja isso, que  querem censurar dicionários. De vez em quando, aparece um desses. Censurar  a lexicografia é uma curiosa inovação. Dicionário é um trabalho lexicográfico,  não uma peça normativa. O lexicógrafo não concorda ou discorda do uso de  uma palavra ou expressão qualquer. Obedecendo a critérios tão objetivos e  neutros quanto possível, constata o uso dessa palavra ou expressão e tem a  obrigação de registrá-la. Eliminar do dicionário uma palavra lexicograficamente  legítima não só é uma violência despótica, como uma inutilidade, pois a palavra  sobreviverá, se tiver funcionalidade na língua, para que segmento seja. (João Ubaldo Ribeiro, escritor)

Texto III
O Ministério Público entendeu que houve racismo nos itens 5 e 6 do verbete 
“cigano” e, por isso, entrou com uma Ação Civil Pública contra a Editora  Objetiva, que publica o Dicionário Houaiss, e contra o Instituto Antônio  Houaiss. O MPF espera conseguir na justiça uma indenização por dano moral  coletivo e a retirada de circulação, suspensão de tiragem, venda e distribuição  das edições do dicionário que apresentem as expressões que depreciam os  ciganos. A significação atribuída pelo Houaiss aos ciganos violaria o artigo  20 da Lei 7.716/89, que tipifica o crime de racismo. (Adaptado do portal de notícias newsrondonia.com.br)

Texto IV
Quando a gente pensa que já viu tudo, não viu. Faz algum tempo, dentro do  horroroso politicamente correto que me parece tão incorreto, resolveram castrar,  limpar, arrumar livros de Monteiro Lobato, acusando-o de preconceito racial,  pois criou entre outras a deliciosa personagem da cozinheira Tia Nastácia.  [...] Se formos atrás disso, boa parte da literatura mundial deve ser deletada  ou “arrumada”. Primeiro, vamos deletar a palavra “negro” quando se refere a  raça e pessoas, embora tenhamos uma banda Raça Negra, grupos de Teatro  Negro e incontáveis oficinas, açougues, borracharias “do Negrão”, como “do  Alemão”, “do Portuga” ou “do Turco”. Vamos deletar as palavras. Quem sabe,  vamos ficar mudos, porque ao mal-humorado essencial, e de alma pequena,  qualquer uma pode ser motivo de escândalo. (Lya Luft, escritora)

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