domingo, 4 de dezembro de 2011

O conflito entre gerações e a convivência social

A convivência entre diferentes é, quase sempre, um problema. Isso também ocorre quando a diferença envolve faixa etária, uma vez que grupos de variadas gerações podem possuir valores e interesses muito distintos. O jovem, por exemplo, visto muitas vezes como um "rebelde sem causa", que age de modo inconsequente e tanto desafia os limites de instituições tradicionais, como a família e a escola, é, por outro lado, o mesmo que tem sido caracterizado historicamente como um revolucionário, aquele que se levanta contra uma situação estabelecida. São também os representantes das novas gerações, mais adaptadas às mudanças tecnológicas, que têm promovido grandes avanços nas relações de trabalho do mundo contemporâneo. Pensando nisso, questionamos: Como se caracteriza o convívio social entre gerações atualmente no Brasil e no mundo? Leia os textos da coletânea e desenvolva o tema proposto em uma dissertação argumentativa em prosa.
Transformação recíproca
As relações intergeracionais permitem a transformação e a reconstrução da tradição no espaço dos grupos sociais. A transmissão dos saberes não é linear; ambas as gerações possuem sabedorias que podem ser desconhecidas para a outra geração, e a troca de saberes possibilita vivenciar diversos modos de pensar, de agir e de sentir, e assim, renovar as opiniões e visões acerca do mundo e das pessoas. As gerações se renovam e se transformam reciprocamente, em um movimento constante de construção e desconstrução.
[Adaptado de Maria Clotilde B. N. M. de Carvalho, Diálogo intergeracional entre idosos e crianças]
Intervalo mais curto

Durante muitas décadas, definiu-se geração como sendo aquela que sucedeu a seus pais. Portanto, “calculava-se como sendo uma geração o tempo de 25 anos”, diz o educador Mário Sérgio Cortella. “A questão é que, nos últimos 50 anos, nós tivemos uma aceleração do tempo, do modo de fazer as coisas, do jeito de produzir. A tecnologia é decisiva para criar marcas de tempo”, completa Cortella. O intervalo entre uma geração e outra ficou mais curto. Hoje, já se pode falar em uma nova geração a cada dez anos. Isso significa que mais pessoas diferentes estão convivendo em casa, na escola, no mercado de trabalho.
Para conhecer as gerações que, hoje, são colegas de trabalho, nós agora vamos voltar na linha do tempo. Nos acontecimentos de cada época, está a chave para entender a cabeça de cada geração.
Geração "baby boomers"
Chegamos à metade dos anos 40. Terminou a Segunda Guerra Mundial, e nasceu uma geração. Nos Estados Unidos, com a volta dos soldados para casa, muitas mulheres engravidaram. Houve um "boom" de bebês. Por isso, a geração que aí começou é chamada de "baby boomers". “Uma geração que disse ‘eu não quero mais a guerra, eu quero a paz, eu quero o amor’”, afirma Eline Kullock, presidente do Grupo Foco.
Geração X
Regime militar no Brasil. Segunda metade dos anos 60. Década de 70. O Brasil vivia censurado pela Ditadura, mas um pouco depois, na década de 80, eram jovens e assistiam às Diretas Já. É a geração X. Quem é da geração X conheceu a Aids e ficou com medo dela, que levou Cazuza. Pintou a cara para derrubar o presidente. Viu a tecnologia entrar de vez em casa. Pagou com cruzeiro, cruzado, cruzado novo.
Geração Y
A geração seguinte cresceu num país que já era uma democracia e uma economia aberta. Nos anos 90, o Brasil foi melhorando e sendo respeitado depois do plano Real, e a internet abriu as portas do mundo para a geração Y. “Esse é um profissional mais voltado para ele, para o prazer. Ele não quer um trabalho sisudo, um trabalho fechado. Ele não quer um chefe que diga para ele somente o que ele deve fazer, ele quer participar”, diz Eline.
[Adaptado de entrevista do educador Mário Sérgio Cortella ao Jornal da Globo]

Sinergia

A experiência e a possível maturidade dos "mais velhos", somadas ao volume de informações e o expertise dos "mais novos" no manejo das tecnologias dos nativos digitais, têm sido responsáveis por resultados expressivos e pela capacidade de inovação de algumas organizações. Por outro lado, a falta dessa coexistência sinérgica leva a uma perda de energia e de recursos que impacta de forma negativa os resultados... O desafio é entender estes diferentes códigos, buscar os pontos de convergência, trabalhar no sentido da complementaridade entre as diferentes gerações, identificando onde e como cada geração poderá contribuir mais e melhor... Por que tão injusto quanto tratar pessoas iguais de forma diferente será tratar pessoas diferentes de forma igual.

( Denize Dutra, Mestre em Administração Pública pela EBAPE – FGV)

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