domingo, 16 de setembro de 2012

Maior greve da história completa 120 dias


Iniciada em 17 de maio, a greve dos professores das instituições federais de ensino superior chega ao 120º dia nesta quinta-feira, colocando a paralisação deste ano no patamar de mais longa da história. O último balanço divulgado ontem pelo Ministério da Educação (MEC) aponta que a greve está enfraquecida, professores de 37 das 57 universidades federais do País já decidiram pela suspensão da greve.  Das 59 instituições federais de educação superior, duas não aderiram às paralisações - as federais do Rio Grande do Norte (UFRN) e de Itajubá (Unifei).
"A melhor greve é a que dura no máximo uma semana - e que a categoria tem suas reivindicações atendidas", observa o professor doutor em Educação da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) José Luis Simões. Para ele, uma das soluções seria criar uma política permanente para promover aumentos ano a ano. "Se tivesse uma lei, isso acabaria com as greves motivadas pela desvalorização do trabalhador", opina Simões.
Esta greve supera a paralisação de 2005, que se estendeu por 112 dias e, até então, era a maior já registrada pelos docentes no ensino federal. Na história, outros três anos tiveram greves com duração maior do que cem dias: 1991, 1998 e 2001. Nos anos 80, as paralisações duravam, em média, 40 dias (exceto a de 1984, que parou as universidades quase três meses). Para Simões, o aumento da duração das greves simboliza a crescente falta de assistência prestada pelo estado à categoria. "Falta uma política de Estado séria para a educação", critica.
Se na época da ditadura os grevistas tinham menos liberdade para expressar suas reivindicações, para Simões, o exercício de um governo com origem sindical é considerado uma vantagem. "Grevista era pejorativo na época da ditadura. Não eram professores tentando garantir condições de trabalho", diz. Por outro lado, o professor aponta que ter um governo composto por pessoas que já dirigiram e participaram de paralisações pode representar também uma desvantagem para o movimento atual, uma vez que elas já estiveram do outro lado das reivindicações e conhecem as fragilidades de uma greve de longa duração.
A principal questão, contudo, é o aspecto político-ideológico. Simões afirma que o atual governo encontra dificuldades para cumprir e atender as bandeiras que defendia em sua proposta inicial, mostrando-se, inclusive, contraditório. "As pessoas assumem posições estratégicas no País e se esquecem do que defendiam antes", avalia. Ele acrescenta que, apesar de sustentar um discurso ressaltando a importância de investir em educação, diferentes forças políticas atuam no governo, e este acaba não atendendo às demandas da categoria. "Os professores universitários têm pouca força para pressionar o governo", entende.

(fonte: noticias.terra.com.br - 13/set/2012)

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