Tradicionalmente, no fim de dezembro, a revista Time elege a “pessoa do ano” e lhe dedica sua capa. Nem sempre se trata de uma figura admirável. O critério da escolha é a influência, o peso – para o bem ou para o mal. Prova disso: em 1938, a pessoa do ano foi Adolf Hitler, e Stálin ganhou o título em 1939 por causa dos possíveis efeitos catastróficos do pacto germano-soviético de não agressão (certamente pouco apreciado pela Time e por seus leitores). Stálin foi pessoa do ano novamente (desta vez, por razões lisonjeiras) em 1942, pela vitória de Stalingrado, que mudou o curso da Segunda Guerra (1939-45).
Como já sabíamos antes que a Time desta semana fosse publicada, a pessoa do ano de 2011 é The Protester – o protestador, no sentido de manifestante que contesta e protesta.
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A democracia é um sistema que sobrevive à condição de que nunca paremos de lutar, ou seja, ela é sempre perfectível e se perde se a consideramos perfeita e deixarmos de lutar por ela – para estabelecê-la (como os árabes) ou para aprimorá-la (como europeus e americanos), tanto faz.
A atitude do indivíduo que protesta é a matriz de qualquer democracia. A coragem do manifestante, mesmo que, às vezes, a gente o julgue inoportuno, mesmo que discordemos de suas razões, de seus pedidos e dos meios pelos quais ele se expressa, não deixa de ser a grande garantia da democracia.
A revista escolheu “o” indivíduo que manifesta porque (como escreveu Rick Stengel na apresentação),
independentemente da razão pela qual ele protesta, pelo simples fato de protestar, essa figura “literalmente
encarna a ideia de que a ação individual pode acarretar mudanças coletivas e colossais”.
(Contardo Calligaris, 29/12/2011)
Com base na leitura do texto e em suas próprias reflexões, escreva uma dissertação, posicionando-se a respeito do seguinte tema: Todo ato de protesto é válido?