Embora não se recomende o uso de provérbios ou ditos
populares em uma dissertação, pois eles fazem parecer que seu autor não tem
criatividade, ao utilizar-se de formas já desgastadas pelo uso frequente, é
importante que o aluno-leitor
compreenda a ideia que emerge
destes fragmentos da “sabedoria popular”.
Trata-se de um conhecimento acumulado e transmitido durante gerações,
daí a necessidade de estar antenado a esta visão de mundo, a qual abrange
diferentes conteúdos ideológicos.
Muitos dos provérbios foram criados, anonimamente, na
antiguidade, porém estão relacionados a aspectos universais da vida, por isso
são utilizados até os dias atuais. São eles a “cristalização do saber das
gentes”. Nasceram de forma oral da necessidade de os antigos passarem às novas
gerações seus pensamentos, conselhos, ensinamentos, normas de conduta. Quem
nunca ouviu: “A
voz do povo é a voz de Deus”? “Deus escreve certo por linhas tortas”? “Quem não
chora não mama”? “Quem desdenha quer comprar”? Por seu formato simples, curto, direto, fácil de memorizar e
de sua aplicação imediata, é muito comum ouvirmos tais máximas em
diversas situações do cotidiano.
Há provérbios sobre a vida humana, sobre a moral, a
religião e a vida social, sobre a flora e a fauna, sobre a agricultura, medicina,
cuidados com a saúde; enfim, abrangem todos os elementos da existência, atuando
na formação e conservação dos modos de pensar e agir. Daí a sua grande
importância.
Lista de alguns provérbios populares:
· A corda arrebenta sempre do lado mais fraco.
· Quem com ferro fere, com ferro será ferido.
· Mais vale um pássaro na mão do que dois
voando.
· A pressa é inimiga da perfeição.
· A ocasião faz o ladrão.
· Quando um não quer, dois não brigam.
· Água mole em pedra dura, tanto bate até que
fura.
· Cada cabeça, cada sentença.
· Caiu na rede é peixe.
· Casa de ferreiro, espeto de pau.
· Cada macaco no seu galho.
· Quem tudo quer nada tem.
· Dai a César o que de César e a Deus o que de
Deus.
Devagar se vai ao longe.
· Deus ajuda a quem cedo madruga.
De grão em grão a galinha enche o papo.
· Errar é humano.
· Falar é fácil, fazer é que é difícil.
· Filho de peixe, peixinho é.
· Nada como um dia depois do outro.
· Não há rosas sem espinhos.
· Nunca digas que desta água não bebereis.
· Em terra de cego, quem tem um olho é
rei.
O barato sai caro.
· Onde há fumaça, há fogo.
· Quem ama o feio, bonito lhe parece.
· Quem espera sempre alcança.
A
justiça tarda, mas não falta.
A mentira tem pernas curtas.
Após a tempestade vem a bonança.
Aqui se faz, aqui se paga.
Quem espera sempre alcança.
A união faz a força.
Cada um por si, Deus por todos.
Cada macaco no seu galho.
Cada cabeça, cada sentença.
A cavalo dado não se olham os dentes.
À noite todos os gatos são pardos.
Na Bíblia, há um livro intitulado “Provérbios”, com
sábios e precisos conselhos, frutos da experiência de várias gerações,
transmitidas por elas sucessivamente. Têm a função de instruir e de fazer
pensar e, quando ponderados, ajudam na construção do caráter, além de
propiciarem disciplina, prudência e integridade. A maioria dos versículos é de
autoria do rei Salomão, o filho de Davi, que pediu a Deus o dom da sabedoria, que
compartilha com seus súditos e com todos os leitores da Bíblia da posteridade.
Exemplos de provérbios bíblicos:
* O salário do justo leva para a vida, mas o ganho do injusto leva
para o pecado.
* Quem aceita a disciplina caminha para a vida, quem despreza a correção
se extravia.
* O homem bondoso faz bem a si mesmo; o homem cruel destrói a si próprio.
* Não adianta agir sem refletir, pois quem apressa o passo acaba
tropeçando.
* Eduque o jovem no caminho a seguir, e ate a velhice ele não se
desviará.
* Quem semeia a injustiça colhe desgraça.
Geralmente usados dentro de um discurso educativo,
conselheiro, de sabedoria popular, há muito que se estudar na estrutura dessas
expressões. Uma delas é que, quando o provérbio é anunciado dentro de uma fala,
ele promove uma ruptura no discurso do falante, admitindo que existe uma voz anônima da sabedoria popular que
concorda com o que está sendo dito. Sempre que o provérbio é anunciado,
geralmente vem precedido de uma fala do tipo “Como já dizia o provérbio...” ou
“Já diziam os antigos...” Ainda que não se faça uma marcação entre aspas,
comentários metalinguísticos ou uma entonação especial, o fato de o provérbio
ser de conhecimento comum é suficiente para que ele seja reconhecido como um
signo diferenciado.
Uma curiosidade é que, atualmente, é muito comum parodiar
provérbios com a finalidade de divertir,
fazer rir. Mas, mais do que ridicularizar um pensamento, demonstra a forte
presença desses ditados na ideia coletiva, além de um despertar da
criatividade. É o que fizeram os integrantes do Casseta e Planeta
em “O grande livro dos pensamentos de
CASSETA e PLANETA.” Divirta-se com alguns exemplos:
* Se
Maomé não vai à montanha, a montanha vaia Maomé.
* Como
diria o Edir Macedo: "Templo é dinheiro!"
* Arroz,
unido, jamais será comido!
* Nos
restaurantes baianos, a pressa é inimiga da refeição.
* Em
rio que tem piranha, jacaré usa camisinha.
* Travesti
de amigo meu pra mim é homem.
Agora veja como alguns vestibulares exploram este assunto
em suas questões de interpretação:
1) Considerando a relação lógica existente entre os dois segmentos dos
provérbios adiante citados, o espaço pontilhado NÃO poderá ser corretamente
preenchido pela conjunção mas, apenas
em: a) Por fora bela viola, (...) por dentro pão
bolorento b)Reino com novo rei, (...) povo com nova lei c)A palavra é de prata, (...) o silêncio é de ouro
d)Amigos, amigos!
(...) negócios à parte e)
Morre o homem, (...) fica a fama
2) De acordo com o ditado popular "invejoso nunca medrou, nem quem perto
dele morou".
a) o invejoso nunca teve medo, nem amedronta seus vizinhos b) enquanto
o invejoso prospera, seus vizinhos empobrecem; c) o
invejoso não cresce e não permite o crescimento dos vizinhos; d) o
temor atinge o invejoso e também seus vizinhos; e) o
invejoso não provoca medo em seus vizinhos.
3) Assinale a alternativa em que os dois
provérbios apresentam ensinamentos semelhantes.
a) "Em boca fechada não entra mosca" e
"Cão que ladra não morde".
b) "Quem ri por último ri melhor" e
"O que os olhos não veem o coração não sente".
c) "Quem tem pressa come cru" e
"Desgraça pouca é bobagem".
d) "Depois da tormenta, vem a bonança"
e "Em rio que tem piranha, jacaré nada de costas".
e) "Não adianta chorar sobre o leite
derramado" e "Agora, Inês é morta".
4) Os
provérbios constituem um produto de sabedoria popular e, em geral, pretendem
transmitir um ensinamento. A alternativa em que os dois provérbios remetem a
ensinamentos semelhantes é: a) "Quem diz o que
quer ouve o que não quer" e "Quem ama o feio, bonito lhe parece.
b) "Devagar se vai longe" e "De
grão em grão , a galinha enche o papo." c)"Mais vale um pássaro na mão do
que dois voando" e "Não se deve atirar pérolas aos porcos."
d) "Quem casa quer casa" e "Santo
de casa não faz milagre."
e) "Quem com o ferro fere, com o ferro será
ferido" e "Casa de ferreiro, espeto de pau."
Gabarito:
1) b
2) c
3) e
4) b
(Fontes de pesquisa: portaldoprofessor.mec.gov.br
/ editorapositivo.com.br /
fraseseproverbios.com /clickideia.com)